A caridade não tem limites!

Todos e/ou quase todos vicentinos já tomaram conhecimento do tema proposto para a Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP) no Brasil para o ano de 2015: Tecendo a Caridade. Para se tecer uma colcha é preciso entrelaçar muitos fios, com movimentos contínuos e com mãos firmes no tear. É necessário também o conhecimento do Ofício de tecer. Aquele ou aquela que tece precisa ter paciência, dedicação, zelo e sentir o prazer da alegria em ver o resultado do seu trabalho.

Assim, para tecermos a caridade em nossas Conferências e Conselhos, precisamos entrelaçar os talentos de cada confrade e cada consócia com o objetivo de produzirmos o melhor resultado para os nossos assistidos e assistidas. A partir do momento quando assumimos nossa vocação dentro da Conferência, o que faremos daí em diante é um trabalho voluntário, mas é um trabalho. E para executarmos bem este trabalho precisamos conhecer melhor o que fazemos e como podemos melhorar aquilo que fazemos.

A caridade não tem limites, assim como o amor de Deus por nós é infinito. E para nós, qual é a medida do amor? Antes de responder, não nos esqueçamos de que “com a mesma medida com que medirdes, vós também sereis medidos” (Lc 6,38). Para tecermos a rede de caridade, necessitamos nos dar as mãos e, nesta corrente, temos que incluir os nossos “Servos e Senhores”.

Diante de um mundo tão cheio de contradições e tentações, tecer a caridade torna-se um grande desafio para nós, vicentinos e vicentinas.  Exige de nós uma postura de escuta humilde e generosa acolhida. É preciso sentar à mesa e ouvir o que o outro tem a nos dizer. A humildade é uma virtude que nos santifica e que nos permite enxergar o nosso irmão, o Pobre, como um reflexo de nós mesmos. Olhar para o Pobre e vê-Lo como alguém que, assim como nós, tem seus sonhos e desejos. Tem suas virtudes e seus defeitos. Ele não é um simples objeto que usamos para nossa santificação, Ele também confia e espera em Deus.

O projeto de Mudança de Estruturas ou Mudança Sistêmica nos propõe olhar o Pobre e vê-Lo como “sujeito de sua transformação, de seu desenvolvimento, de sua história e, não, objeto de nossas vontades”, nos diz a consócia Emília Jerônimo, presidente da SSVP.  Todos somos filhos do mesmo Pai. Todos são merecedores de viver em um ambiente digno e que favoreça o desenvolvimento de seus talentos naturais.

Esta é a proposta principal do projeto Mudança de Estruturas: para tecermos a caridade precisamos, antes de tudo, adotar uma postura de mudança e buscar novos métodos de promoção humana. Uma pessoa, por mais pobre que seja, por mais desajustada que possa parecer, sempre tem algo a oferecer. Talvez, um talento que ela guarda e que precisa ser adubado com carinho e amizade para florescer. Jesus transformou homens comuns em apóstolos que deram suas vidas pela evangelização. O amor tem o poder de provocar grandes transformações. Precisamos acreditar firmemente nisso.

O Papa Francisco nos adverte em sua exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’: Não devem subsistir dúvidas nem explicações que debilitem esta mensagem claríssima. Hoje e sempre, “os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho”, e a evangelização dirigida gratuitamente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer. Há que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os Pobres. “Não os deixemos jamais sozinhos”!

 

Confrade Sebastião Camilo Borges

Conferência Santo Antônio, do Conselho Central de Lagoa da Prata

Coordenador da Escola de Capacitação Antônio Frederico Ozanam (Ecafo) do Conselho Metropolitano de Formiga