O Papa Francisco publicou nesse sábado, 11, a Bula do Jubileu da Misericórdia, um Ano Santo Extraordinário instituído por ele e que terá como centro a misericórdia de Deus. O anúncio foi feito pelo próprio Santo Padre no último dia 13 de março. O jubileu terá início no dia 8 de dezembro desse ano e se concluirá no dia 20 de novembro de 2016, com a solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo.
O arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani Tempesta, explica que a tradição do jubileu começou no século XIII, quando a Igreja começou a aplicar aquilo que está no Antigo Testamento: um tempo especial de graça. Logo, realizar um jubileu significa viver um ano em que as pessoas se convertem, procuram Deus com mais vigor. “Quando a Igreja começou a ter um ano de jubileu, era essa busca de aproveitar um tempo especial para as pessoas retomarem o caminho com entusiasmo”.
Segundo o cardeal, o Papa anunciou um jubileu agora porque viu essa necessidade diante da realidade do mundo. “Em meio à violência, é preciso ter misericórdia. No mundo violento de hoje, os cristãos são chamados a esta experiência com Deus, que desce até nossa miséria”, declarou.
Esse contexto da realidade atual é o fator mencionado também pelo reitor do Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba/PR, padre Francisco Anchieta. Diante da realidade política vivida no Brasil e das várias situações vividas pela humanidade como um todo, ele diz que esse jubileu deve ser acolhido como mais uma oportunidade que Deus encontra para, com sua misericórdia, auxiliar o homem naquilo que ele precisa.
“Eu vejo claramente como um sinal de que Deus continua conduzindo o seu povo e não vai nos abandonar à mercê da nossa sorte. O povo tem que acolher isso como essa oportunidade, esse sinal de que Deus está à frente de tudo e a gente só precisa se voltar a Ele em uma atitude de confiança”.
Padre Francisco disse que, por mais que ele sempre fale aos fiéis sobre a misericórdia de Deus, da mesma forma que o Papa Francisco o tem feito desde o início de seu pontificado, ele não esperava que fosse ser instituído um jubileu dedicado a isso. Mas a misericórdia, mesmo sendo uma necessidade, nem sempre é colocada em prática.
“Essa experiência deve ser vivida, renovada a cada dia. Eu sempre falo para as pessoas que veem aqui no Santuário dessa questão da gente reviver a experiência da misericórdia sempre que for necessário”, disse padre Francisco destacando que a devoção à Divina Misericórdia é algo essencial para o povo brasileiro e para a humanidade inteira.
Programação
Padre Francisco explicou que o clima na congregação dos padres marianos ainda está meio “anestesiado” com o anúncio do jubileu e também com os preparativos da festa da Divina Misericórdia, neste domingo, 12, de forma que talvez seja um pouco cedo para falar de preparativos específicos para o jubileu. Porém, ele já sinaliza como esse Ano Santo deverá ser vivido.
“Como Igreja, nós vamos precisar dar as mãos, todas as dioceses, arquidioceses do Brasil, para viver isso de forma intensa e nós vamos precisar falar muito sobre isso (…) A princípio, nós não teríamos ainda um planejamento, mas vamos precisar trabalhar nisso”.
A bula papal, como citado, será publicada nesse sábado, 11, e o Papa ainda vai anunciar como será essa preparação para o Jubileu da Misericórdia. Dom Orani adiantou que os preparativos incluem, de forma geral, confissão, oração e peregrinação. “Na visão do antigo Testamento, é voltar para Deus”.
História dos Jubileus
Antigamente entre os hebreus, o jubileu era um ano declarado santo e que acontecia a cada 50 anos, no qual se devia restituir a igualdade a todos os filhos de Israel.
A Igreja católica iniciou a tradição do Ano Santo com o Papa Bonifácio VIII em 1300. Ele planejou um jubileu por século. A partir de 1475, para possibilitar que cada geração vivesse pelo menos um Ano Santo, o jubileu ordinário passou a acontecer a cada 25 anos. Um jubileu extraordinário pode ser realizado em ocasião de um acontecimento de particular importância.
Até hoje, foram 26 Anos Santos ordinários. O último foi o Jubileu de 2000. Quanto aos jubileus extraordinários, o último foi o de 1983, instituído por João Paulo II pelos 1950 anos da Redenção.
A Igreja católica deu ao jubileu judaico um significado mais espiritual. Consiste em um perdão geral, uma indulgência aberta a todos, e uma possibilidade de renovar a relação com Deus e com o próximo. Assim, o Ano Santo é sempre uma oportunidade para aprofundar a fé e viver com renovado empenho o testemunho cristão.