Faz alguns anos, uma comunidade de religiosas foi enviada para a missão numa cidade no interior do Maranhão. A comunidade é constituída de três freiras. Helena, professora na escola do bairro, Heloísa, da pastoral da criança, e Cristina, das outras pastorais sociais. Elas vivem de seu trabalho e colocam tudo o que recebem numa “caixa comum”.
As Irmãs estão muito felizes nesta “comunidade inserida nos meios populares”. A vida é exigente; e o dinheiro, curto. Dá para pagar as despesas e sobra só um pouquinho.
Outro dia, um rapaz do bairro, viciado em crack, arrombou a porta da casa das Irmãs e roubou tudo o que encontrou. Quando chegaram em casa, as freiras perceberam o que tinha acontecido. As mulheres da vizinhança também logo ficaram sabendo. Helena, a coordenadora da comunidade, disse: “Não sei o que vamos fazer. Estamos sem dinheiro e sem comida. Nós escolhemos estar aqui com o povo e, na medida do possível, ser como ele”.
No dia seguinte, bem cedinho, Dona Aparecida levou para elas café e broa de fubá. Depois, outra vizinha veio com macarrão. E assim, durante alguns dias, as Irmãs foram ajudadas pela comunidade. Helena ficou emocionada: “Nós viemos aqui para ajudar os mais necessitados. E aprendemos uma grande lição de partilha”.
Há muito tempo, a jovem Maria de Nazaré saiu às pressas de sua casa para estar próxima de sua parenta Isabel. Partiu com o desejo de ajudar. O que uma menina de provavelmente 16 anos, no início da sua gravidez, pode ensinar para uma mulher idosa a respeito do assunto? Talvez ajudar a fazer a comida, limpar a casa, conversar na beira do fogão sobre as esperanças comuns.
Rir juntas, ver as estrelas... Maria foi lá para ajudar, e aprendeu muito com Isabel. O evangelista Lucas narra que o encontro destas duas mulheres foi uma explosão de alegria, animada pelo Espírito Santo. Maria voltou para casa, três meses depois, mais fortalecida na sua fé. Assim, preparou-se melhor para o nascimento de Jesus.
Como aconteceu com Maria de Nazaré, assim se passou com a Irmã Helena e sua comunidade. A gente vem com o simples desejo de ajudar e volta enriquecido(a) com o que recebe dos outros. Maria de Nazaré, a “serva do Senhor”, se faz solidária com Isabel. Irmã Helena, consagrada a Jesus, se faz solidária com o povo pobre da periferia. Ambas aprendem muito, pois o amor dilata as nossas possibilidades humanas.
Que Maria abençoe homens e mulheres dedicados a Deus e aos outros, especialmente neste ano da Vida Consagrada!
Irmão Afonso Murad