Os ensinamentos do pai das obras de caridade nos inspiram a tecer a grande rede sonhada por Antonio Frederico Ozanam. As frases pronunciadas pelo padre Vicente foram autênticas inspirações Divinas para a construção de um mundo melhor. E nós, herdeiros do Reino, temos a responsabilidade de continuar tecendo a caridade com amor no coração, fundamentados neste ensinamento do nosso patrono: "Não é suficiente ser salvo, é preciso ser salvador como Cristo".
Mas salvar almas é difícil sem oração. Por isso, São Vicente orava muito e, sobretudo, rezava antes de socorrer os Pobres no século XVII. A Palavra de Deus o impulsionava a praticar a caridade e a enfrentar problemas muito maiores do que os nossos. Sem os recursos modernos que temos e, ainda, enfrentando clima de guerra, o santo sacerdote confiou na ação do Espírito Santo em suas missões, e disse: "Os grandes propósitos são sempre atravessados por diversos obstáculos e dificuldades".
Com certeza, suas orações também eram ouvidas pela Virgem Maria. Devoto fervoroso da Mãe da Igreja, Vicente rogava por essa tão importante proteção e, a cada dia, colocava a santa Mãe de Deus à frente dos seus caminhos. Também nós, quando dizemos com fé \\\\\\\'Maria passa na frente\\\\\\\', constatamos muitas bênçãos nos resultados. Por isso, é preciso nunca esquecermos que temos uma grande intercessora no céu - que nos ama como filhos e nos protege nas piores provações. Isto bem sabia São Vicente: "Nunca se tem Deus como Pai, se não tem Maria como Mãe".
Mas, sabemos, a oração apenas precede a ação. No ano de 2013, nossa Conferência foi informada de uma situação crítica de uma família de Itajubá: sem água e luz na casa há mais de um ano, filhos doentes, pais desempregados, acesso precário à residência, enfim, miséria por toda parte. Colocamos a família em oração, confiamos na graça e fomos à luta. Hoje, há escada de acesso ao lar, bolsas para os filhos especiais, mobília nova na residência, parcelamento das contas e mais dignidade à família. Muitos problemas ainda existem, mas trabalhamos para que a caridade batesse à porta daquela casa. Fizemos a nossa parte, como fomos orientados pelo nosso querido santo: "Amemos a Deus, meus irmãos, mas que seja à custa de nossos braços, que seja com o suor do nosso rosto".
Cada ação de compaixão é importante, porém, nesse mundo onde cresce a maldade e a injustiça, a misericórdia pelos Pobres também precisa crescer. Se não acompanharmos de perto os nossos assistidos, corremos o risco de desperdiçar as graças que nos esperam, pois "os pobres abrem-nos a porta para a eternidade" - S. Vicente.
E tão importante quanto a ação e a oração, nosso coração precisa estar preparado para tecer a caridade. Há muitos exemplos de confrades e consócias que se desviaram da missão porque fecharam seus corações. Talvez tenha faltado entender melhor estas sábias palavras do padre Vicente: "Sem a humildade nunca faremos nada que preste".
Concluindo, esta história ajuda a costurar os lindos retalhos da nossa rede de caridade:
Numa noite de inverno, uma menina percebeu seu cachorrinho tremendo no quintal. Antes de dormir, pegou o amiguinho e o levou para o seu quarto, mas o animal não parava de tremer. Então, a garota lhe colocou um cobertor e percebeu que continuava tremendo. Em seguida, ligou o aquecedor e nada adiantou - o cachorrinho ainda tremia. A menina pensou, pediu proteção aos céus, deu um beijo no amiguinho e o colocou em sua cama. Logo dormiram como anjos, porque não era frio que atormentava o cachorro naquela noite.
E sempre fortalecido pelo amor ao próximo, Vicente de Paulo nos aconselha a agradar a Deus: "A verdadeira caridade abre os braços e fecha os olhos".
Confrade Paulo R. Labegalini
Conselho Metropolitano de Pouso Alegre