“Se alguém Me servir, meu Pai o honrará”

Semana de 12 de março de 2018 (referência: leituras do domingo 18 de março)

5º. Domingo da Quaresma

Leituras: Jer 31, 31-34; Salmo 50 (51); Heb 5, 7-9; Jo 12, 20-33

“Se alguém Me servir, meu Pai o honrará”.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João - Jo 12, 20-33

Naquele tempo, alguns gregos que tinha vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa,

foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido:

«Senhor, nós queríamos ver Jesus».

Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.

Jesus respondeu-lhes:

«Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo:

Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.

Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo

conservá-la-á para a vida eterna.

Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.

E se alguém Me servir, meu Pai o honrará.

Agora a minha alma está perturbada.

E que hei de dizer? Pai, salva-Me desta hora?

Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora.

Pai, glorifica o teu nome».

 

 

Reflexão Vicentina

As leituras desta semana tratam do compromisso que cada um de nós deve ter com o Plano de Deus; como Cristo levou o Seu compromisso até as últimas consequências para a nossa salvação. 

 

Na primeira leitura, Jeremias fala do compromisso de Deus com a Nova Aliança que seria impressa no coração de cada pessoa: “hei de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração”.  Isso significa que a Nova Aliança com Deus requer uma transformação total, do fundo de nosso ser. E o próprio Deus imprime a semente desta transformação em nossa alma, por meio do Batismo e, a partir da morte e ressurreição de Cristo, por meio da Eucaristia.  Basta que nós aceitemos o fato de que Deus está em nossa alma.  Basta que, a cada vez que comungarmos, repitamos que “eu acredito que estou recebendo o Corpo e o Sangue de Cristo, voluntariamente, em meu corpo e minha alma”.

No Evangelho, Jesus apresenta a sua morte como a Nova Aliança e se oferece como o cordeiro (o sacrifício) por cada pessoa.  Ele pede ao Pai que “O salve desta hora”, mas sabe que isso não é possível, pois sua vida e sua morte são o compromisso de Deus com o Seu Povo.  Deus vai ao mais extremo dos sacrifícios humanos para nos mostrar a sua Nova Aliança: Ele leva muito a sério o Seu compromisso de amor conosco! 

Paulo, na Carta aos Hebreus, diz que Deus livrou o Cristo da morte definitiva, por meio da ressurreição: “àquele que O podia livrar da morte e foi atendido por causa da sua piedade”.  Mas não o livrou do sacrifício e do sofrimento da morte, porque este era o Seu compromisso de ser causa de salvação de todos: “apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna”.   Mais uma vez se confirma que o próprio Filho de Deus foi obediente e levou ao extremo o amor ao Pai e a nós.  Paulo nos diz que Ele se tornou a causa de nossa salvação eterna, desde que sejamos obedientes.

Nós, vicentinos, temos também o nosso compromisso. Cada visita que fazemos, cada vez que abrimos mão de nosso próprio egoísmo para servir o assistido sem limite de tempo e de atenção, estamos demonstrando nosso compromisso de realizar o Plano de Deus em nós. A Nova Aliança se apresenta na relação que cada um de nós tem com o assistido, porque é com o Cristo que nos relacionamos.  Não se trata somente de uma visita ou do acompanhamento do progresso de uma família: trata-se de nossa vontade livre e comprometida de responder à Aliança de Deus conosco, por meio da Aliança de Deus com o Pobre que Ele nos apresenta. Portanto, é a mesma mística da comunhão; e, a cada vez que fazemos uma visita, devemos repetir: “eu acredito que estou indo ao encontro do Corpo e do Sangue de Cristo, voluntariamente, no sacrário da casa do assistido”.

Mas a vocação vicentina não pode ficar somente na visita.  O encontro com Deus na pessoa do Pobre tem que levar à nossa transformação, da mesma forma que o profeta Jeremias diz que Ele imprimiu a nova lei no nosso coração.  E, como vimos, a Quaresma é um tempo muito importante para exercitar essa transformação interior: se nos tornamos mais santos, seremos mais felizes e nos libertaremos dos vícios que nos afastam de Deus.

Se tratarmos nossa vocação vicentina como a expressão concreta da Nova Aliança de Deus com o Seu Povo, estaremos traduzindo toda a história da Igreja (história da salvação do Povo de Deus) na nossa relação de serviço com o Pobre.  É uma relação mística, poética e cheia de significado!

 

Confrade Eduardo Marques