“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós; quem permanece em Mim dá muito fruto”

Semana de 23 de abril de 2018 (referência: leituras do domingo 29 de abril)

5º. Domingo de Páscoa

Leituras: At 9,26-31; 1 Jo 3,18-24; Jo 15,4a-5a

 

“Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós; quem permanece em Mim dá muito fruto”.

 

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:

“Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor.

Ele corta todo o ramo que está em Mim e não dá fruto

e limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto.

Vós já estais limpos, por causa da palavra que vos anunciei.

Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós.

Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira,

assim também vós, se não permanecerdes em Mim.

Eu sou a videira, vós sois os ramos.

Se alguém permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer.

Se alguém não permanece em Mim, será lançado fora, como o ramo, e secará.

Esses ramos, apanham-nos, lançam-nos ao fogo e eles ardem.

Se permanecerdes em Mim e as minhas palavras permanecerem em vós,

pedireis o que quiserdes e ser-vos-á concedido.

A glória de meu Pai é que deis muito fruto.

Então vos tornareis meus discípulos.”

 

Reflexão vicentina

As leituras deste domingo nos dizem que se permanecermos em Cristo, duas coisas acontecem.  Primeiro, produziremos frutos.  Segundo, podemos pedir a Ele o que quisermos e Ele nos escutará

 

O que significa “permanecer em Cristo”?   A palavra “permanecer” tem vários significados, mas há dois que me parecem muito importantes: “seguir existindo” e “persistir com veemência”. 

“Permanecer” significa “seguir existindo”.  São João define este seguir existindo em Cristo como “fazer o que for agradável a Cristo” e “acreditar Nele, como o Filho de Deus”. 

Jesus faz uma comparação (como sempre para que todos pudessem entender) com um ramo e um tronco de árvore.  Ele é o tronco e nós somos o ramo, mas somos um ramo com a capacidade de decidir se quer ou não permanecer no Tronco.  O Tronco vai continuar lá, existindo, esperando por nossa decisão de ficar nele ou não.  Jesus só permanece em nós, se nós quisermos permanecer Nele: “permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós”.  Portanto, seguir existindo em Deus é primeiramente uma decisão do livre arbítrio, não é uma imposição Dele.

 

“Permanecer” significa “persistir com veemência”.  A leitura dos Atos dos Apóstolos de hoje conta a história de Paulo (na leitura ainda chamado de Saulo) em sua fase “pós conversão”.  Ele estava a caminho de Damasco para perseguir os cristãos, literalmente “caiu do cavalo”, escutou a voz do Senhor, converteu-se, ficou cego e foi levado para a cidade.  Só recuperou a visão quando esteve com Ananias, mandado pelo Senhor para atestar a todos que Saulo já não vinha como perseguidor “para cortar e matar os ramos”, mas ele vinha como ramo, intimamente ligado ao Tronco.

Paulo é um dos exemplos mais contundentes do significado de “persistir com veemência” em Cristo.  Ele teve de descer em um cesto para fugir, foi expulso de Antioquia, passou por tempestades, foi apedrejado, açoitado e preso, foi perseguido pelos judeus e, finalmente, foi decapitado por Nero em Roma.  Nunca deixou de evangelizar!

 

O que significa ser um ramo e produzir frutos?  “Ficar no Tronco” não é uma situação estática.  Esta decisão significa primeiramente compreender o que é agradável ao Tronco, a Cristo.  Evidentemente, as Sagradas Escrituras e os documentos da Igreja definem bem o que é agradável a Cristo, mas é necessário que elas se traduzam em algo específico para nós, como indivíduos.  Estar unido em oração e vontade ao Tronco nos leva a conhecer, portanto, o que Cristo quer especificamente de cada um de nós. Uma vez conhecendo o plano de Deus para nós, temos que levar avante e ser parte de Jesus no mundo em que vivemos.  A promessa feita é que Ele nos capacitará para que possamos dar o fruto.  Ele é o Tronco e, portanto, não é necessário ter medo da missão.  Ele vai conosco, porque permanece em nós.

 

Jesus quer nos escutar e fazer o que pedirmos.  Finalmente, Jesus nos diz que se permanecermos Nele, Ele nos escutará e fará tudo o que pedirmos.  Evidentemente, nossos pedidos sempre estarão ajustados ao plano de Deus para nós.

 

Na condição de vicentinos, permanecemos em Cristo em cada visita que fazemos a Ele, na pessoa do Pobre.  Fisicamente, permaneceremos na casa do Cristo real e presente na casa do assistido.  Fisicamente, nossa visita nos permite estar ligado ao Tronco, aos nossos Senhores e Mestres, os Pobres (expressão de São Vicente de Paulo).  Produzimos frutos quando buscamos a dignidade da pessoa do assistido e de sua família.  Produzimos frutos quando levamos o que aprendemos de nossos Mestres para dentro de nossa vida profissional, familiar e social.  Neste caso, permanecemos em Cristo quando “persistimos com veemência”, mesmo sendo em nome Dele perseguidos, “apedrejados”, “açoitados” e, muitas vezes, “decapitados”.  Ser vicentino é uma opção consciente de ser ramo ligado firmemente ao Tronco – Jesus – e, com Ele, produzir frutos para os que servimos e para nós.  Esta firme opção abre nosso coração para que Cristo permaneça em nós.