“Se alguém Me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada”

Semana de 30 de abril de 2018 (referência: leituras do domingo 6 de maio)

6º. Domingo de Páscoa

Leituras: At 10,25-26.34-35.44-48; 1 Jo 4,7-10; Jo 15,9-17

 

“Se alguém Me ama, guardará a minha palavra. Meu Pai o amará e faremos nele a nossa morada.”

 

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, Disse Jesus aos seus discípulos:

“Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor.

Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor.

Assim como Eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.

Disse-vos estas coisas, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.

É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.

Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos.

Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.

Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor;

mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai.

Não fostes vós que Me escolhestes; fui eu que vos escolhi e destinei,

para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça.

E assim, tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá.

O que vos mando é que vos ameis uns aos outros».

 

 

Reflexão vicentina

 

Pode não parecer, mas a primeira leitura (dos Atos dos Apóstolos) deste domingo tem um significado enorme para a história da Igreja.  Havia entre os apóstolos a tendência a pregar somente para os judeus, que era o “povo escolhido”.  Por meio do Espírito Santo, na casa de Cornélio (gentio, ou seja, “não israelita”), Pedro se dá conta da necessidade e da eficácia de abrir as portas da evangelização para os gentios: neste momento, a Igreja passa a ser efetivamente Católica (ou Universal).  É uma experiência nova para os apóstolos e que vai mostrar ser extraordinária.  Paulo passa a ser o especialista na evangelização dos “não judeus”, sendo chamado do “Apóstolo dos Gentios”.  Em muitas cidades aonde ia, apesar de dar preferência inicialmente à evangelização dos judeus da diáspora (os que emigraram de Israel para outras regiões), Paulo mostrava uma predileção especial pelos não judeus, porque estavam mais abertos à mensagem do Evangelho. 

 

A segunda mensagem das leituras de hoje tem a ver com o significado do amor.  São João coloca muito claramente o amor como os vínculos fundamentais: entre o homem e Deus, e entre os homens entre si.

 

No evangelho, Jesus define quem são seus amigos, por quem Ele daria a vida: “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos”.  Jesus poderia ter sido exclusivo, dizendo que os Seus amigos eram os que O seguiam (os judeus, portanto), mas Ele dá uma outra definição de amigos: “vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando”.  E diz mais: por meio Dele, o Pai escuta a nossa voz.  “Tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, Ele vo-lo concederá.”

 

Esta definição de “amigo” parece muito ditatorial e arrogante.  Então, não podemos ser amigos de Jesus se possuirmos livre arbítrio?  Não temos outra opção que obedecer?  Jesus responde a esta inquietude logo depois, com uma definição magistral do que é “obedecê-Lo”: “o que vos mando é que vos ameis uns aos outros”.  Pronto!  Não há nada de ditatorial nem restritivo nesta obediência.

 

Santo Agostinho dizia: “ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”.  O amor, portanto, não é restritivo nem separador, nem exclusivista.  Ele abre nossos corações e nos une a Deus e aos outros.

 

Novamente, portanto, voltamos à primeira mensagem das leituras de hoje: Jesus não limita os seus amigos aos judeus, mas abre a definição para todos os que amam.  É extraordinário!

 

Na condição de vicentinos, somos confrontados todo o tempo com dúvidas sobre pessoas de origem diferente da nossa que conhecemos.  Será que devemos visitar assistidos de outras religiões? Será que devemos aceitar em nossas Conferências pessoas que professam outra fé, ou que são estrangeiras, ou que parecem falar ou agir diferente de nós?  A resposta está dada por Jesus e por Pedro nas leituras de hoje.

 

Nossos assistidos devem ser os que necessitam de nossa amizade e de nosso amor, quaisquer sejam a sua cor, origem ou religião.  Mais do que isso, eles devem nos ensinar, ser nossos Mestres, como dizia São Vicente.  Nunca nos esqueçamos de que o amor que dedicamos ao nosso assistido é o amor que nos une diretamente a Deus.

 

Nossos amigos da Conferência vicentina devem ser aqueles que tenham a vocação para amar, só isso, sem mais definições ou especificações.  Quem tem a vocação para amar o Pobre e o vicentino é amigo de Jesus e, portanto, deve ser nosso amigo. 

 

Mais claro do que isso, impossível!

 

 Confrade Eduardo Marques