“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”

Semana de 7 de maio de 2018 (referência: leituras do domingo 13 de maio)

7º. Domingo de Páscoa - Ascensão do Senhor

Leituras: At 1,1-11; Ef 1,17-23; Mc 16,15-20

 

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.”

 

Evangelho de São Marcos

Naquele tempo, Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes:

“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.

Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado.

Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem:

expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas;

se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal;

e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.

E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.

Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles,

confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

 

Reflexão vicentina

 

A festa que celebramos neste domingo é da Ascensão do Senhor, isto é, depois de ressuscitar dos mortos, Jesus passa um tempo com os seus discípulos e, posteriormente, vai para junto do Pai.  As leituras nos mostram três momentos distintos: primeiro, Jesus ressuscitado define a missão dos discípulos; segundo, Jesus parte ao encontro do Pai; e, terceiro, os discípulos partem ao encontro do mundo, a fim de concretizar a missão que Jesus lhes confiou.

 

No Evangelho, Jesus ressuscitado define a missão dos apóstolos e os motiva a abraçar a missão com toda a sua força.  É muito interessante que Jesus indique claramente que o Espírito Santo daria aos apóstolos todo o poder que Jesus teve na terra: de perdoar, de curar, de evangelizar.  Eles passam a ser capazes de fazer algo que antes parecia impossível para eles.  É uma indicação clara de que Deus capacita os escolhidos e não escolhe os capacitados, como insistiu várias vezes o Papa Bento XVI.

 

Muitas vezes nós, vicentinos, nos confrontamos com a dúvida sobre a capacidade de nossa missão.  Temos medo da visita, inicialmente, porque achamos que não vamos saber fazê-la. Temos medo de assumir uma missão de desenvolvimento da Sociedade, porque achamos que é “coisa para os outros, mais capazes”.  Não nos damos conta de que é o Espírito Santo que opera a obra de Deus por meio de nós, e que, por meio Dele, somos muito mais capazes do que pensamos.

 

Conta-se que, em um auditório repleto da Itália, o grande violinista Nicolo Paganini fazia um recital, quando uma nota de seu violino se rompeu.  E ele continuou a tocar com três cordas.  Depois, a segunda corda também se rompeu e ele continuou com duas.  Finalmente, a terceira se rompeu e ele tocou a sinfonia com apenas uma corda, de forma brilhante, sendo ovacionado pela plateia. Quem deu a ele a capacidade de fazer isso de forma inesperada?  Muitas vezes, Deus nos coloca na posição do Paganini: aparecem tantas dificuldades no caminho, mas Ele continua nos capacitando pelo Espírito Santo.  Aliás, é nas horas difíceis que temos que “tocar com uma corda só”, que mostramos a nós mesmos e a Deus a nossa capacidade de continuar a missão Dele.  Muitas vezes, Deus nos coloca na posição do violino, quebrado, abatido, quase sem possibilidade de continuar a sinfonia.  Mas Jesus nos toma pela mão, o Mestre dos Mestres utiliza a nossa fraqueza para tocar uma sinfonia belíssima.  Basta que nos coloquemos em Suas mãos, com toda a nossa fé. 

 

No Evangelho e na leitura dos Atos dos Apóstolos, Jesus deixa a terra e vai para junto do Pai.   Evidentemente, Jesus tinha que voltar ao Pai.  Ele pertence ao Pai e veio ao mundo para nos redimir de forma espetacular.  Ele tinha que voltar ao Pai para nos dar a chance de continuar a Sua obra.  Se ele não voltasse, nunca aprenderíamos a “tocar o violino” de forma magistral.  Jesus não vem para nos substituir, mas para reforçar nossa capacidade de sermos santos e ultrapassarmos a barreira de nossa fraqueza, para sermos como Ele.

 

Na condição de vicentinos, somos como Jesus, quando O visitamos na casa do Pobre.  Somos como Jesus, quando evangelizamos na Conferência, no Conselho, na família, no meio onde trabalhamos e vivemos.  Nossa vida de vicentinos nos possibilita antecipar a nossa ida definitiva para junto do Pai, como Jesus fez.  E essa possibilidade, essa graça, não tem limite; é a nossa missão de sermos santos já aqui na terra, por meio do amor. 

 

Nas três leituras de hoje, somos chamados a completar a missão de Cristo.  Lucas, nos Atos dos Apóstolos, nos motiva a ser pessoas do mundo: “mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força;

e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo”.

 

Paulo diz aos efésios (a nós, portanto) que a esperança é mostrada a nós pelo Espírito: “o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda um espírito de sabedoria e de luz para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados”.

 

Finalmente, Jesus resume nossa missão de forma simples e direta no Evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”.

 

Não há limites para a nossa missão de “sermos Cristo” no mundo, na condição de vicentinos.  O que aprendemos dos Pobres, os nossos “Mestres e Senhores”, levamos ao mundo onde vivemos.  A possibilidade de sermos sacerdotes, profetas e reis nos é dada por Deus, e nós a abraçamos com todas as nossas forças, mas com as nossas fraquezas, com a esperança de que o Espírito Santo nos capacita em nosso caminhar em direção ao Pai.

 

 

Confrade Eduardo Marques