Semana de 16 de julho de 2018 (referência: leituras do domingo 22 de julho)
16º. Domingo do Tempo Comum
Leituras: Jer 23, 1-6, Sl 22(23), Ef 2,13-18, Mc 6,30-34
“Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco.”
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus
e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
Então Jesus disse-lhes: “vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco.”
De fato, havia sempre tanta gente chegando e partindo que eles nem tinham tempo de comer.
Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém.
Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam;
e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles.
Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente,
que eram como ovelhas sem pastor.
E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Reflexão vicentina
As leituras de hoje nos fazem recordar as palavras de São Vicente de Paulo: “às vezes é necessário trocar Deus por Deus”.
É muito importante que pratiquemos a virtude da temperança, isto é, o equilíbrio e a parcimônia até mesmo na dedicação às coisas de Deus. Infelizmente, conheço algumas pessoas que se dedicaram tanto às coisas de Deus na vida que, na fase difícil da meia-idade, afastaram-se Dele, cansaram-se de ser bons, ficaram fatigados e a fé tornou-se para eles um fardo.
Deus não quer que nós fiquemos fatigados Dele. Ele não quer que, ao nos sentir cansados, nos deixemos levar pela dúvida sobre se vale à pena continuar a segui-Lo. Como nos diz São Paulo hoje, “Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto”.
Não há dúvida de que Deus é incansável para que sejamos felizes e para que nos convertamos. Na primeira leitura, pela voz do profeta Jeremias, o Senhor condena os pastores indignos que usam o “rebanho” para satisfazer os seus próprios projetos pessoais; e anuncia que vai, Ele próprio, tomar conta do seu “rebanho”, assegurando-lhe a fecundidade e a vida em abundância, a paz, a tranquilidade e a salvação.
Já na segunda leitura, Paulo fala aos cristãos da cidade de Éfeso da solicitude de Deus pelo seu Povo. Essa solicitude manifestou-se na entrega de Cristo, que deu a todos os homens, sem exceção, a possibilidade de integrarem a família de Deus.
No Evangelho, Jesus propõe uma coisa diferente aos seus discípulos: “vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco”. Ele sabia que os discípulos estavam cansados e que poderiam ficar desanimados, porque são humanos. Muitas vezes Jesus foi para “o outro lado do lago” para descansar, para mostrar aos discípulos uma forma diferente de ver o mundo. Desta vez, Ele não conseguiu descansar, porque viu que uma multidão de pessoas os seguiu e ele viu que elas eram “como ovelhas sem pastor” . E Ele começou a pregar, mesmo estando todos cansados (novamente, “trocando Deus por Deus”).
Como vicentinos, às vezes é necessário descansar um pouco até mesmo do serviço ao Pobre e à Sociedade. Conheço vicentinos que se dedicam tanto à Sociedade que se esquecem de suas famílias, impondo-lhes um “peso” desnecessário. No final, a Sociedade e os Pobres passam a ser uma concorrência à família. É necessário dar equilíbrio a tudo. Não há nada de mais em deixar de ir, uma vez ou outra, à reunião do Conselho ou da Conferência, para sair com nossa família, para fazer esporte, para viajar e conhecer lugares diferentes.
É necessário às vezes afastar-se para um lugar isolado, parar o que estamos fazendo, descansar a mente, a alma e o corpo, para ver as coisas de forma diferente, talvez vê-las com mais realismo, talvez mais como Deus quer que vejamos. Isto faz bem para os que nos cercam, para os Pobres, para a Sociedade e, acima de tudo, para nós mesmos: para que alcancemos a paz que o Pastor dá às suas ovelhas.