“Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra”

Semana de 23 de julho de 2018 (referência: leituras do domingo 29 de julho)

Leituras: 2 Re 4,42-44, Sl 144 (145), Ef 4,1-6, Jo 6,1-5

17º. Domingo do Tempo Comum

 

“Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra.”

 

Leitura do Segundo Livro dos Reis

Naqueles dias, veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus,

pão feito com os primeiros frutos da colheita.

Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge.

Eliseu disse: “Dá-os a comer a essa gente”.

O servo respondeu: “Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?”

Eliseu insistiu: “Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor:

‘Comerão e ainda há-de sobrar’”.

Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor.

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos: eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis

segundo a maneira de viver a que fostes chamados:

procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade;

empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz.

Há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança na vida a que fostes chamados.

Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo.

Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades.

Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes.

Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos.

Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.

Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe:

“Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?”

Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer.

Respondeu-Lhe Felipe: “duzentos denários de pão não chegam para dar um pouco a cada um”.

Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro:

“Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixes.

Mas que é isso para tanta gente?”

Jesus respondeu: “mandai sentar essa gente”.

Havia muita relva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil.

Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados,

fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram.

Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos:

“Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca”.

Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada

que sobraram aos que tinham comido.

Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer:

“Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo”.

Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-Lo para O fazerem rei,

retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.

 

Reflexão vicentina

 

As palavras-chave das leituras deste domingo são a confiança e a partilha.  Jesus nos mostra que os vicentinos estão certos em não acumular bens materiais, devendo distribuí-los assim que os ganham.

 

É muito interessante tanto no Evangelho, quanto na primeira leitura, a hesitação das pessoas em confiar em Deus, quando são chamados a partilhar o que têm, para “matar a fome” dos que O seguem.  Na primeira leitura, foi o servo do Rei Eliseu que duvidou, quando o rei o mandou alimentar a multidão: “como posso com isto dar de comer a cem pessoas?”  No Evangelho, foi Felipe quem duvidou: “duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um”.

 

Tanto Jesus, quanto o rei Eliseu poderiam eles mesmos ter dado de comer ao povo com fome, mas o processo é tão importante quanto o resultado:  Deus conta conosco para repartir o seu “pão” com todos aqueles que têm “fome” de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.  Portanto, Jesus convida os discípulos a se despirem a lógica do egoísmo e a assumirem uma lógica de partilha, concretizada no serviço simples e humilde em benefício dos irmãos. É esta lógica que permite passar da escravidão à liberdade; é esta lógica que fará nascer um mundo novo.

 

Na segunda leitura, Paulo continua a falar sobre o “partilhar” do pão, mas de outra forma.  Ele coloca o corpo de Jesus como o centro da nossa vida.  É o pão que o Cristo deixou como herança a nós e que nos pede que compartilhemos, empenhando-nos “em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz” e sendo “um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança na vida a que fomos chamados”.  Esta união e compartilhamento só são possíveis se procedermos “com toda a humildade, mansidão e paciência, suportando-nos uns aos outros com caridade”.

 

Nossa vocação vicentina nos leva a realizar a vontade de Deus, compartilhando o pão com cada um dos assistidos que Deus nos confia.  Nossos recursos são poucos, quase não temos nada e o que temos, distribuímos prontamente aos Pobres.  Mas é o próprio Cristo que nos dá o poder de multiplicar nossos “pães e peixes” para saciar a fome do Pobre.  E, quanto mais distribuímos, mais temos para distribuir, mais sobra tanto para os nossos assistidos, quanto para nós mesmos.

 

Mais que isso, quando visitamos o Pobre, nos unimos ao Corpo de Cristo, tornando-nos seus discípulos diretos.  Possuímos todos a mesma fé, a mesma esperança e nos reunimos em torno da caridade.  Ser vicentino é isso: compartilhar a presença de Deus do céu aqui mesmo na terra.

 

Confrade Eduardo Marques