“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e eu nele”

Sociedade de São Vicente de Paulo

Leitura Espiritual

Semana de 13 de agosto de 2018 (referência: leituras do domingo 19 de agosto)

20º. Domingo do Tempo Comum

Leituras: Prov 9,1-6; Ef 5,15-20; Jo 6,51-58

 

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e eu nele”.

 

Leitura do Livro dos Provérbios

A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas.

Abateu os seus animais,

preparou o vinho e pôs a mesa.

Enviou as suas servas

a proclamar nos pontos mais altos da cidade:

«Quem é inexperiente venha por aqui».

E aos insensatos ela diz:

«Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei.

Deixai a insensatez e vivereis;

segui o caminho da prudência».

 

Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios

Irmãos:

Vede bem como procedeis.

Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes.

Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus.

Por isso não sejais irreflectidos,

mas procurai compreender qual é a vontade do Senhor.

Não vos embriagueis com o vinho, que é causa de luxúria,

mas enchei-vos do Espírito Santo,

recitando entre vós salmos, hinos e cânticos espirituais,

cantando e salmodiando em vossos corações,

dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai,

em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João

Naquele tempo,

disse Jesus à multidão:

«Eu sou o pão vivo que desceu do Céu.

Quem comer deste pão viverá eternamente.

E o pão que Eu hei-de dar é minha carne,

que Eu darei pela vida do mundo».

Os judeus discutiam entre si:

«Como pode ele dar-nos a sua carne a comer?»

E Jesus disse-lhes:

«Em verdade, em verdade vos digo:

Se não comerdes a carne do Filho do homem

e não beberdes o seu sangue,

não tereis a vida em vós.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue

tem a vida eterna;

e Eu o ressuscitarei no último dia.

A minha carne é verdadeira comida

e o meu sangue é verdadeira bebida.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue

permanece em Mim e eu nele.

Assim como o Pai, que vive, Me enviou

e eu vivo pelo Pai,

também aquele que Me come viverá por Mim.

Este é o pão que desceu do Céu;

não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram:

quem comer deste pão viverá eternamente».

 

Reflexão vicentina

 

Seguindo a mesma linha de reflexão dos domingos anteriores, as leituras de hoje nos lembram que vivemos todo o tempo fazendo opções e que, se fizermos a escolha por Deus, não devemos desanimar.

 

Conheci um vicentino que decidiu levar ao “pé da letra” o sentido da sua vocação, tendo, como Ozanam, uma absoluta consistência entre o que ele aprende na visita ao Pobre e na conferência e o que ele vive.  Evidentemente que, ao fazer isso, ele deixou de “jogar o jogo” do mundo e, por isso, não é reconhecido por ele.  No trabalho, ele opta por não enganar os outros, por buscar o desenvolvimento dos outros, por dar o crédito correto aos outros quando eles desempenham bem as suas tarefas.  O resultado de fazer estas opções é, evidentemente, que muitas vezes os outros que são mais “expertos” passam na frente, ganham mais reconhecimento.  Este é o jogo da vida! 

 

Em suas orações, este vicentino pergunta a Deus porquê Ele deixou que os outros tenham mais reconhecimento, se ele seguiu o Evangelho.  Ozanam deve ter ficado muito frustrado, quando decidiu ser candidado a deputado e foi “vencido” por outros que não eram consistentes com o Evangelho.

 

Evidentemente, que a resposta de Deus às orações deste vicentino é muito direta, simples e concreta.  Em primeiro lugar, Deus lhe diz para deixar de reclamar, porque os Pobres que ele serve, estes sim, têm problemas muito mais sérios, porque não podem dar o sustento à sua família.  Ora, se é difícil para os Pobres, por quê deveria ser fácil para nós vicentinos?  Em segundo lugar, Deus lhe responde que o Evangelho nunca disse que a opção por Cristo seria o caminho mais fácil; ao contrário, seria cheio de cruzes.  Ora, se o Filho de Deus não foi reconhecido em Sua bondade, Sua misericórdia e Sua justiça, por quê os seus discípulos deveriam ser?  Finalmente, Deus diz claramente que tudo o que o vicentino faz não é para ser reconhecido pelos homens, mas por Ele próprio, para a Sua glória e para que o vicentino e seus queridos possam contemplá-Lo na vida eterna. Ora, se fosse para ser reconhecido pelos homens, a recompensa seria dada hoje e agora: não haveria valor algum em seguir o Evangelho.

 

Esta é a mensagem de hoje.  Na primeira leitura, o Livro dos Provérbios nos motiva a sempre optar por Deus com sabedoria e prudência, porque elas funcionam como “sete colunas” que sustentam a nossa vida.  Na segunda leitura, Paulo nos diz para viver “como pessoas inteligentes” e não “como insensatos”, procurando sempre conhecer e entender “a vontade do Senhor” para a nossa vida.  Ele nos motiva a não nos “embriagar” com as coisas da terra, mas a “nos encher do Espírito Santo”.  E, no Evangelho, Jesus brilhantemente dá uma perspectiva única às nossas escolhas: “quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em Mim e eu nele”.

 

Isto é o que basta: permanecer em Deus!

 

 

Confrade Eduardo Marques