Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe:
«Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir».
Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?»
Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».
Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber
e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?»
Eles responderam-Lhe: «Podemos».
Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo
com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda
não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações
exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder.
Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo,
e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos;
porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir
e dar a vida pela redenção de todos».
Reflexão vicentina
As leituras deste domingo tratam do tema “liderança”. Todos nós queremos ser líderes de algo: de nosso trabalho, de nossos grupos de referência, de nossos projetos sociais, de nossa família, da Sociedade de São Vicente de Paulo. E isto é bom porque fazendo assim, podemos seguir os planos de Deus para nós. Ser líder não significa querer ser melhores do que os outros, mas também não significa se deixar levar pelos outros.
Fala-se muito hoje em dia do “líder servidor”, daquele que serve a todos. Jesus vem dar uma nova interpretação a este termo. Ser líder servidor não é, necessariamente, fazer o que todos querem que façamos. No Evangelho, Ele faz uma pergunta intrigante: “podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?”
Ser líder servidor significa, portanto, beber do cálice que Ele bebeu, ou seja, é servir à Sua causa de salvação nossa e dos que estão junto de nós (os que Deus nos coloca no caminho). Não queremos ser líderes servidores só para ser populares, ou para nos “diminuir” diante de todos. Queremos ser líderes servidores para estar mais junto de Deus, da missão de Jesus no mundo. Não queremos ser líderes servidores, tampouco, para “sentar à direita de Deus”, como pedem os apóstolos no Evangelho. Esta decisão cabe a Deus e não a nós. Mas, como Deus é o Pai Misericordioso, se demonstramos uma intenção genuína de “beber do cálice de Cristo”, certamente nos colocará junto Dele, tanto aqui na terra, quanto na vida eterna.
A dificuldade é saber o que significa “beber do cálice de Cristo” em nossa vida, nas circunstâncias específicas de cada um de nós (no trabalho, nos grupos de referência, nos projetos sociais, na nossa família e na SSVP). É aí que entra a segunda leitura do domingo quando São Paulo diz aos Hebreus: “permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. (...) Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno”.
Tenhamos fé e coloquemos nossas fraquezas e dificuldades de liderança nas mãos de Deus, porque Ele nos mostrará, no momento oportuno, o que quer de cada um de nós. Pode ser que (como São Vicente de Paulo e o Beato Ozanam), Ele nos mostre em um momento de contemplação ao Santíssimo Sacramento ou em uma visita ao Pobre, nosso Mestre, ou em uma caminhada, ou em um momento de descanso. O Espírito Santo nos mostrará no momento oportuno. Basta que, como líderes servidores, nos tornemos líderes místicos e queiramos escutar o que, no fundo de nosso coração, Ele nos indique o que devemos sonhar, planejar, decidir e empreender.