“Esta pobre viúva colocou na caixa mais do que todos os outros. Eles puseram o que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver”.

Semana de 5 de novembro de 2018 (referência: leituras do domingo 11 de novembro)

32º. Domingo do Tempo Comum

Leituras: 1 Re 17,10-16; Heb 9,24-28; Mc 12,38-44

 

“Esta pobre viúva colocou na caixa mais do que todos os outros. Eles puseram o que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha, tudo o que possuía para viver”.

 

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos

Naquele tempo, Jesus ensinava a multidão, dizendo:

«Acautelai-vos dos escribas, que gostam de exibir longas vestes, de receber cumprimentos nas praças,

de ocupar os primeiros assentos nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes.

Devoram as casas das viúvas com pretexto de fazerem longas rezas.

Estes receberão uma sentença mais severa».

Jesus sentou-Se em frente da arca do tesouro observando como a multidão deixava o dinheiro na caixa.

Muitos ricos deixavam quantias avultadas.

Veio uma pobre viúva e depositou duas pequenas moedas, isto é, um quadrante.

Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: «Em verdade vos digo:

Esta pobre viúva colocou na caixa mais do que todos os outros.

Eles puseram o que lhes sobrava, mas ela, na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha,

tudo o que possuía para viver».

 

Reflexão vicentina

As leituras deste domingo apresentam duas viúvas: uma no Antigo e outra no Novo Testamento.  A do livro dos Reis é uma mulher pobre de Sarepta, que, apesar da sua pobreza, reparte com o profeta Elias os poucos alimentos que tem.  A mulher do Evangelho é igualmente pobre e doa ao templo pouco, mas é tudo o que tem.  No Antigo Testamento e no tempo de Jesus, as viúvas era dignas de pena, porque não possuíam um esposo para trabalhar para elas e para os seus filhos.

 

À primeira vista, parecem leituras que falam sobre a caridade.  De fato, a doação do pouco que têm para os outros é uma manifestação de um coração caridoso que se compadece dos outros e compartilha sua pobreza com eles.  Olhando um pouco mais à fundo nos textos, entendemos que eles falam sobre outra virtude teologal: a da fé.  A viúva de Sarepta dá o que tem porque o profeta Elias lhe diz que o Deus de Israel afirmou pelas escrituras que compartir o pão levaria à fartura.  A viúva do Evangelho deposita no templo o pouco que tinha como uma manifestação de sua crença de que estava compartilhando seu pouco com Deus.

 

São Paulo, na Carta aos Hebreus, apresenta um paralelo a estas “doações de fé”.  Ele diz que Cristo foi o doador por excelência, porque doou o seu próprio corpo em sacrifício por toda a humanidade.  E pede que creiamos que esta doação foi apenas a Sua primeira vinda: muito mais importante é crer na Sua segunda vinda.  Ele diz: “Cristo, depois de Se ter oferecido uma só vez para tomar sobre Si os pecados da multidão,

aparecerá segunda vez, sem a aparência do pecado, para dar a salvação àqueles que O esperam”.

 

Como vicentinos somos chamados a ser caridosos.  Sim, a doar o que temos de mais valioso em nossa vida: o nosso tempo para a visita ao assistido.  Nos dias de hoje, com tantas opções de uma vida corrida, o tempo é o nosso maior bem: ele vale mais para nós do que valiam as “duas moedas” que a viúva pobre do Evangelho depositou no templo.  Mas Cristo nos pede que doemos o nosso maior bem, o tempo, pela virtude da fé: a fé de que estamos visitando o Pobre em nome do Senhor.  São Vicente chamava os Pobres de nossos Senhores e Mestres.  Então, a nossa fé deve ser tão forte que nos faça seguros de que visitamos o nosso “Senhor”, em nome do nosso Senhor Jesus.  Nosso tempo, nossas duas moedas, que valem muito para nós, valem muito mais para o Pobre, tanto porque O ajudamos materialmente, quanto (e muito mais) porque levamos a Ele a certeza de nossa fé, uma fé contagiante, transformadora e divina (de tão humana que é).