“Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.”

Nesse domingo, celebramos o segundo do tempo do Advento, ou seja, da preparação para o nascimento de Cristo.  O tema deste domingo no sentido desta preparação é a nossa conversão.

 

O Evangelho de São Lucas nos apresenta o papel de São João Batista, como o que prepara a chegada do Senhor.  Esta preparação do caminho do Senhor é feita “endireitando as suas veredas, preenchendo os vales e abatendo os montes e colinas, endireitando os caminhos tortuosos e aplainando as veredas escarpadas”.  É, portanto, uma mensagem para que busquemos eliminar todos os obstáculos que nos impedem de receber o Menino Jesus em nossa vida.

 

Cada um de nós tem a sua própria vereda a endireitar, conhece os vales que têm que ser aterrados e as colinas que devem ser eliminadas.  Portanto, o Advento é um momento de reflexão para descobrir o que temos que melhorar, as coisas que temos que eliminar, as que temos que melhorar e as que temos que reforçar em nossa personalidade, em nosso comportamento.  Nossas imperfeições são uma graça de Deus.  Já pensou se fôssemos perfeitos?  Seríamos robôs, sem nada para melhorar.

 

É muito interessante como o Evangelho nos diz que João tinha que pregar no deserto.  Quantas vezes pregamos no deserto com nossos amigos, nossos filhos, nossos companheiros de trabalho ou de Conferência Vicentina.  Quando “pregamos no deserto”, parece que estamos perdendo tempo.  Mas é necessário saber que não estamos sós: Deus vai conosco, prega conosco; nossa capacidade é Dele e nossos resultados também são Dele.

 

Mas, antes de pregar, é necessário que nos convertamos, que reconheçamos que muitas vezes somos nós mesmos o “deserto”, um lugar onde a Palavra de Deus não penetra, não se fixa, mas se deixa levar pelo vento e pela areia.  A reflexão do Advento deve servir para que deixemos de ser “desertos” e compreendamos o que Deus quer de nós, o que devemos “endireitar”, para que possamos também nós pregar, evangelizar, viver a Verdade.

 

Como vicentinos, muitas vezes “pregamos no deserto”, com nossos assistidos.  Ficamos frustrados porque eles não se modificam, não melhoram, não lutam pela vida.  Será que é justo pedir que o Pobre pense como nós?  Será que o que queremos ou pensamos é o correto?  Na Carta aos Filipenses deste domingo, São Paulo diz que reza para que a nossa “caridade cresça cada vez mais em ciência e discernimento”.  É preciso, sim, ter a ciência para apoiar o Pobre na busca de Sua dignidade, mas ter o discernimento para reconhecer que, “se Ele for deserto e não nos escutar”, é porque Ele é refém de sua própria história, e porque as Suas veredas são mais difíceis de endireitar que as nossas.  Aí, é quando se requer o nosso desapego, nossa capacidade de deixar nas mãos de Deus que tem toda a ciência e todo o discernimento.