Semana de 4 de fevereiro de 2019 (referência: leituras do domingo 10 de fevereiro)
Sexto Domingo do Tempo Comum
Leituras: Jer 17,5-8; 1 Cor 15,12.16-20; Lc 6,17.20-26
“Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança”.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos,
e deteve-Se num lugar plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão
de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidônia.
Erguendo então os olhos para os discípulos, disse:
Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus.
Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados.
Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem
e prescreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem.
Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa.
Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas.
Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação.
Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome.
Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar.
Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem.
Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas.
Reflexão vicentina
As leituras deste domingo são muito ricas e difíceis de traduzir em uma só ideia, mas para tentar resumir, eu diria que elas tratam da esperança humilde.
Na Carta aos Coríntios, São Paulo nos convida a ter a esperança na vida em Cristo. “Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens”. O Profeta Jeremias vai na mesma direção, na leitura do Antigo Testamento, afirmando que é “bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança”.
É verdade que a esperança que Paulo nos fala se refere à vida eterna, depois de nossa morte corporal. Portanto, devemos viver com os pés nesta vida, mas o coração na vida depois de nossa morte. Isto nos dá uma perspectiva de paz, porque qualquer coisa que sofremos aqui por amor a Deus não é nada, se comparada com a alegria de vislumbrá-Lo no Paraíso. Mas também esta mesma paz pode ser alcançada em nossa vida atual (corporal), se passamos a por toda a nossa esperança em Deus já.
É então aí que passa a ter importância a virtude vicentina da humildade. Humildade significa colocar todos os nossos dons e nossas dificuldades nas mãos de Deus. Se somos fortes, é porque Ele nos dá forças. Se parecemos fracos, oferecemos esta “fraqueza” a Ele, que nos torna fortes. Humildade não significa colocarmo-nos sempre por debaixo dos outros, ou ter baixa autoestima. Pelo contrário! Se somos humildes, sabemos que podemos tudo, porque estamos nas mãos de Deus. Podemos então dizer que viver na esperança é viver na humildade, na humilde esperança.
O Evangelho – o belíssimo Sermão da Montanha - nos oferece um menu vicentino de vida na humilde esperança. O vicentino é pobre porque vive com e como o Pobre; o vicentino tem fome porque quer justiça para os Pobres; o vicentino chora quando vê a miséria do irmão que sofre; e o vicentino muitas vezes é rejeitado e insultado (até mesmo odiado) pelo mundo que não valoriza a humilde esperança.
Por tudo isso, o vicentino é aquele que vive esta vida na alegria do Senhor, com a esperança da alegria da recompensa eterna no Céu. Só quem vive na esperança humilde pode aceitar esta ideia que parece tão absurda no mundo em que vivemos.
Confrade Eduardo Marques