Ao nos decidirmos por Jesus Cristo, passamos a pertencer a Ele

“Elias partiu dali e encontrou Eliseu, filho de Safat, lavrando a terra com doze juntas de boi; ele mesmo conduzia a última. Ao passar perto de Eliseu, Elias lançou sobre ele o seu manto” (1Rs 19,19). Era da maneira descrita nessa passagem bíblica que um profeta ou mestre chamava alguém para segui-lo.

Assim aconteceu com Eliseu quando Elias jogou o manto sobre ele. Eliseu, que trabalhava na terra, não era profeta, tampouco pessoa dedicada ao serviço de Deus: era apenas um simples lavrador. Por isso ficou tão surpreso com a escolha. Mas Elias o estava chamando em nome do Senhor. “Então, Eliseu deixou os bois e correu atrás de Elias, dizendo: ‘Deixa-me primeiro ir beijar meu pai e minha mãe, depois te seguirei’. Elias respondeu: ‘Vai e volta! Lembra o que te fiz”‘ (1Rs 19,20).

Elias disse-lhe o seguinte: “Sabes muito bem o meu feito: agora pertences a Deus, mas se quiseres fugir, arcarás com as consequências”. É assim que o Senhor faz conosco: amorosamente, Ele joga Seu manto sobre nós. Não tenha dúvidas de que Deus também faz isso com você, que é o escolhido d’Ele. Com sua história, seus defeitos e problemas, o  Senhor lança Seu manto e você passa a pertencer a Ele.

Deus lhe diz o mesmo que Elias disse a Eliseu: “Sabes muito bem o meu feito: se quiseres fugir, arcarás com as consequências. Nunca vou deixar de te amar, porque ninguém te ama como eu. Mais que te cobrir com o meu manto, eu te marquei com o meu amor. Só poderás seguir-me por amor. Eu te fiz livre. A escolha é tua”.

 

Leia o que fez Eliseu: “Ele retirou-se, tomou a junta de bois e os imolou. Com a madeira do arado e da canga, assou a carne e deu de comer à sua gente. Depois levantou-se, seguiu Elias e pôs-se ao seu serviço” (1Rs 19,21).

Eliseu não o seguiu imediatamente. Primeiro, pediu licença para despedir-se dos seus pais. Voltou, tomou a junta de bois com a qual estava trabalhando como agricultor e ofereceu tudo o que possuía em sacrifício. Consagrou seu patrimônio ao Senhor. Despojou-se do que era dele, deixou de servir a si mesmo. Então, pôde colocar-se a serviço do Senhor.

Aquele momento entre Elias e Eliseu foi tão marcante, que, depois de sacrificar a junta de bois, ele reuniu todo o equipamento que usava para arar a terra, os varais, a madeira do carro, o couro das tiras e as cordas e os utiliza como lenha, para fazer fogo e cozinhar a carne. Depois, dá de comer ao povo. Ele sacrifica tudo. Eliseu fez o que Jesus pedira ao jovem rico, cujo episódio está narrado no Evangelho de Mateus: “Jesus respondeu: ‘Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá o dinheiro ao pobres, e terás no céu. Depois, vem e segue-me”‘ (Mt 19,21).

Infelizmente, o jovem rico desse episódio olhou o que tinha, calculou seu patrimônio e não seguiu Jesus. Ele foi chamado, o Senhor passou e jogou o manto sobre ele. Quando se aproximou de Jesus, este o olhou, viu sinceridade nele e sentiu que desejava verdadeiramente servir a Deus. Mas, infelizmente, importou-se mais com o seu patrimônio. Ele não teve coragem de sacrificar seus bens e entregá-los aos pobres. Você e eu nos posicionamos entre o jovem rico e Eliseu.

Reflexão

A voz de Deus é poderosa nessa passagem: Elias chama Eliseu e joga sobre ele seu manto. Não há como questionar. O Senhor passa e jogo o manto sobre você, dizendo: “Você me pertence”. Com muito amor, Ele diz: “Vem e segue-me” (Mt 19,21b).

Jesus precisa ser levado por pessoas que sejam para Ele como os Seus pés, braços e olhos, como Suas mãos e Sua face, e que O apresente às pessoas necessitadas. Em nosso tempo, o Senhor precisa de uma tropa de resgate, de braços capazes de libertar pessoas de situações concretamente ruins, como envolvimento com bebidas alcoólicas, drogas, prostituição, adultério e rebeldia. Vidas sem sentido, depressivas, precisam ser resgatadas.

Muitos precisam ser vistos pelo Senhor. Por isso, Ele precisa de pessoas que tenham a Sua face para acolher e amar os irmãos. Em Seu imenso amor, Deus nos chama, é Ele quem nos dá a graça de não sermos como aquele jovem rico, mas sim como Eliseu que, consagrando todo o seu patrimônio, segue Elias. Muito mais que seu patrimônio e posição, consagre-se ao Senhor. Você é seu maior patrimônio, seu maior bem.

Artigo extraído do livro ‘O Espírito sopra onde quer’, de monsenhor Jonas Abib.