As Obras de Vicente de Paulo

No livro “Vicente de Paulo e a Caridade”, escrito pelo padre André Dodin (Congregação da Missão-CM), enfatiza o dom que Vicente de Paulo tinha para perceber os acontecimentos e dar uma resposta pontual a eles. Desde 1617, quando começou a trabalhar pelos Pobres, até sua morte em 1660, sempre atento às necessidades, quando surgia um problema, tomava uma decisão depois da outra sem medo do fracasso. Comprometeu mulheres e homens, clero e leigos, jovens e adultos, ricos e pobres, para fazerem um enfrentamento às necessidades urgentes de seu tempo.

Em artigo na Revista Vincentiana (N°2 /2016), padre Robert Maloney coloca algumas dessas iniciativas e decisões: 1) Em 1617, sentiu a necessidade de organizar as obras práticas de caridade na cidade de Châtillon. Fundou “As Caridades”, mais tarde conhecidas como “Damas da Caridade” e hoje chamada de Associação Internacional de Caridades (AIC). Durante sua vida, escreveu os Estatutos para inúmeras associações de “As Caridades” que surgiram em toda França. Essas confrarias se espalharam rapidamente por toda a França e mais tarde para o mundo inteiro. Hoje, a AIC conta com mais de 140 mil voluntárias espalhadas em 53 países. 2) Em 1625, Vicente de Paulo fundou a Congregação da Missão. Quando morreu, em 1660, a Congregação da Missão já havia se expandido para a Polônia, Itália, Madagascar, Escócia... Durante sua vida, a Casa Central de São Lázaro, em Paris, formou mais de mil missionários. Atuou como superior-geral da Congregação da Missão até sua morte. Fazia reuniões com o Conselho, escrevia os Regulamentos, presidia as assembleias e sistematizou uma série de questões que se tornaram fundamentais para o desenvolvimento das Obras. 3) De 1628 para frente, dedicou-se na reforma do clero, organizando retiros para os jovens que iam receber o Sacramento da Ordem, fazendo as "Conferências das Terças-Feiras” e retiros para os padres. Abbelly, seu primeiro biógrafo, fala que mais de 12 mil jovens ordenandos fizeram retiro pregado por Vicente de Paulo na Casa de São Lázaro, onde morava. Nos últimos 25 anos de sua vida, fundou 20 seminários. 4) No ano de 1633, juntamente com Luísa de Marillac, fundou a Companhia das Filhas da Caridade. Com Luísa de Marillac ao seu lado, atuou como superior-geral, escrevendo um Regulamento para elas e resolvendo os problemas jurídicos que se apontavam na base revolucionária da nova Companhia que fundava. Durante sua vida, foram fundadas mais de 60 casas das Filhas da Caridade na França e na Polônia. A Companhia das Filhas da Caridade chegou a ser, mais tarde, a Congregação mais numerosa da Igreja. 5) Para auxiliar a assessoria para esses três grupos que fundou, Vicente de Paulo utilizava a correspondência, escrevendo mais de 30 mil cartas. Frequentemente dava conferências para as Filhas da Caridade e para os padres de Congregação da Missão. Hoje, resta-nos um pequeno número dessas conferências e, assim mesmo, são anotações feitas por terceiros. Também fez conferências para as Irmãs da Visitação, fundadas por São Francisco de Sales, às quais Vicente de Paulo acompanhava em Paris, como diretor Espiritual, a pedido do próprio fundador. Nenhumas dessas conferências chegaram até os nossos dias. 6) Em 1638, aceitou trabalhar com as crianças abandonadas. Com o passar do tempo, incentivou numerosas Filhas da Caridade a tomarem frente desse serviço. Estabeleceu 13 casas construídas para receber essas crianças. Quando esse trabalho correu perigo em 1647, solicitou de forma eloquente para que as Damas de Caridade, considerassem essas crianças como se fossem seus próprios filhos. 7) No ano de 1639, Vicente de Paulo começou a organizar campanhas para ajudar as pessoas que sofriam por causa da guerra, da peste e da fome. Um de seus colaboradores, Irmão Mateus Regnard, realizou 53 viagens, atravessando disfarçado os territórios dos inimigos de guerra, levando grande quantidade de dinheiro que Vicente de Paulo tinha conseguido para ajudar as pessoas que estavam nas zonas onde tinham a guerra. Mateus levava cerca de 25 a 30 mil libras em cada viagem, equivalente a mais de um milhão de dólares. Era muito dinheiro... 8) De 1643 a 1652, fez parte do Conselho de Consciência. O Conselho de Consciência era uma equipe administrativa de elite que aconselhava o rei na escolha dos Bispos e outros assuntos religiosos. Ao mesmo tempo, Vicente de Paulo era amigo e, com frequência, era conselheiro de muitos grandes líderes espirituais da época. 9. Em 1652, oito anos antes de sua morte, quando a pobreza e a miséria tomaram conta de Paris, Vicente de Paulo organizou um programa de ajuda massiva aos necessitados. Fornecia sopa duas vezes ao dia para milhares de pobres na Casa de São Lázaro, alimentando outros milhares na Casa das Filhas da Caridade. Organizou campanhas que somavam cinco ou seis mil libras para comprar carne, de dois a três mil ovos e arrecadação de roupas e utensílios.Foram tão grandes as atividades realizadas por Vicente de Paulo que, o pregador, no dia de seu funeral, Henri de Maupasdu Tour, disse: “Ele quase transformou a face da Igreja”.

Padre Mizael Donizetti Poggioli Congregação da Missão-CM)

Assessor Espiritual do CM São Paulo