Este ano de 2017, celebramos os 400 anos do Carisma Vicentino. O mundo Vicentino volta seu olhar com maior atenção às origens de suas raízes. É um momento oportuno de olhar o passado, analisar detalhadamente os passos que foram dados por milhares de pessoas que, nestes quatro séculos, a exemplo de Vicente de Paulo, dedicaram suas vidas à evangelização e ao serviço aos Pobres. É um momento também de olhar a realidade atual, as circunstâncias em que vivemos. Fundamentando-se no Carisma Vicentino, olhar o futuro com esperança e vislumbrar tempos melhores para os Pobres deste mundo. Esta semana, a primeira do ano, temos na Família Vicentina, o exemplo de duas pessoas que dedicaram suas vidas para os Pobres. Uma, da América do Norte; outra da América do Sul.
Fazemos a memória no dia 4 de janeiro de Santa Ana Elisabeth Baley Seton. É de Nova Iorque. Casada, mãe de cinco filhos, depois da morte do marido dedicou-se inteiramente às obras de Caridade e Educação. Em 1809, na Diocese de Baltimore, fundou o Instituto das Irmãs de Caridade, destinado à educação das jovens. Ela percebeu, como Vicente de Paulo e Luísa de Marillac que a educação é uma das principais ferramentas para ajudar os Pobres a saírem da pobreza e da miséria. Tinha o mesmo entendimento que Paulo VI que, muito tempo depois disse no documento Populorum Progressio: “A falta de educação é desnutrição. A pessoa analfabeta é um espírito faminto”.
Mês de janeiro temos também a memória da Beata Lindalva Justa de Oliveira – Mártir - no dia 7 de janeiro. Filha da Caridade da Província de Recife – Brasil. No dia 9 de abril de 1993, tinha apenas 40 anos, sábado Santo, após participar da Via Sacra, quando estava preparando o café da manhã para os idosos do Abrigo onde trabalhava em Salvador - BA, foi violentamente assassinada com 44 facadas por um dos pensionistas. Em todos os tempos na história da Igreja, encontramos ícones que nos apontam o caminho que leva à Deus. A santidade não tem cor, não pertence a uma raça ou a um povo específico, mas é um apelo universal dirigido a todos nós. Todos somos convidados a preservar, pela graça de Deus, o gérmen divino que nos assemelha ao nosso Criador. O Brasil é chão fecundo e terra fértil, regada pelo sangue dos mártires. O martírio da Irmã Lindalva se dá num tempo particularmente difícil em que o mundo está envolto nas trevas do egoísmo, do hedonismo, da indiferença religiosa. Ela chega para dizer que Deus conta conosco, que Ele continua chamando do meio do povo corações dispostos a servi-Lo e a anunciar com a própria vida que vale a pena tudo deixar para ser uma fagulha de luz na escuridão do pecado. Irmã Lindalva tem pressa de mostrar ao mundo que ainda se morre por amor a Jesus. A Beata Lindalva Justa de Oliveira é uma santa dos tempos modernos. Com a força do seu coração abre suas veias, a exemplo de tantos irmãos vicentinos, que também foram sacrificados em tempos bem difíceis da história da Igreja. Que São Vicente de Paulo, nosso Santo Fundador e Irmã Lindalva interceda por todos nós para que, abrasados pelo fogo da Caridade, sejamos apóstolos incansáveis da misericórdia e do amor infinito de Deus para os Pobres, “nossos mestres e senhores”.
Mizael Donizetti Poggioli