Vamos então refletir sobre a importância de “Preservar a Amizade Vicentina”.
Relembramos inicialmente que a Sociedade de São Vicente de Paulo nasceu e “deu frutos” graças aos laços de amizade de Frederico Ozanan, que assim exprimiu o que pensava sobre o valor de uma amizade verdadeira: “Deus quis formar uma grande família de irmãos e irmãs que se expandisse”. E depois ainda escreveu: “Aqueles que se encontram com mais frequência se amam mais. Tendo um grande número de associados, o nome Daquele que prometeu estar no meio dos que estiverem reunidos em Seu nome parece que se pode experimentar mais sensivelmente o cumprimento de sua promessa... Os sentimentos das necessidades de cada um estreitam os laços de união entre todos... Este tipo de encontro fraterno é que dá vida à Sociedade”.
A comprovação do quanto a SSVP valoriza o sentimento autêntico de amizade entre os vicentinos está confirmada na Regra da SSVP (pág. 20): “Os vicentinos são chamados a caminhar em conjunto para a santidade porque a verdadeira santidade é a aspiração à união em amor com Cristo, o que representa a essência da sua vocação e a fonte de sua inspiração. Aspiram a arder no amor de Deus como ensinou Jesus Cristo e a aprofundar a sua própria fé e a sua fidelidade”.
Destacamos também o ensinamento da Palavra de Deus a respeito da amizade, com a finalidade de reforçar a nossa responsabilidade de preservarmos os amigos: “Um amigo fiel é uma poderosa proteção. Quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé” (Eclesiastes 6, 14).
Sabemos que não é por acaso que os vicentinos adotaram como “forma de tratamento” expressões que engrandecem o significado da amizade. Vejamos: “companheiro” é aquele que acompanha; “consócia” é aquela que está junto; “confrade” é aquele que pertence à mesma Sociedade. E se observarmos a “força” do verbo “preservar”, que é conservar, defender, resguardar e proteger, podemos entender as razões pelas quais devemos, e até nos obrigamos a “preservar a amizade vicentina”:
Mas, como é possível elaborar projetos sociais com o intuito de “preservar a amizade vicentina”?
Recomendamos alguns caminhos:
Agora surge a pergunta: como pode a participação dos vicentinos em cursos ter influência na preservação da amizade vicentina? Muito simples: os vicentinos, enquanto “companheiros”, acompanham os mesmos ideais que possuem em comum, e quando participam dos cursos, ficam mais tempo juntos. Uma vez capacitados, estão aptos a fazer melhor o principal objetivo da vivência vicentina, que é servir aos Pobres, e com isso conservar suas amizades.
Por último, como fizemos nas quatro publicações anteriores, sugerimos novas oportunidades de projetos sociais: os cursos culturais (danças, músicas, teatro etc) e defesa pessoal (capoeira, judô, karatê etc), que podem ser realizados por meio de parcerias com entidades de ensino ou Prefeituras. Tais atividades são capazes de promover grande número de crianças e adolescentes, e até revelar talentos; além de tirar das ruas muitos jovens. Fica patente que a carga de trabalho dos vicentinos é imensa, mas temos a convicção de que a força da amizade vicentina é uma poderosa alavanca para a superação de todos os desafios, porque: “Quem teme ao Senhor terá também uma excelente amizade, pois um amigo lhe será semelhante” (Eclesiastes 6, 17).
Confrade João Marcos Andrietta
Confrade Andrietta é membro da Conferência Nossa Senhora da Imaculada Conceição (Salto/SP). Atualmente está licenciado para tratamento de uma doença degenerativa que paralisa os movimentos do corpo. É autor dos livros “Reflexões das Cartas de Frederico Ozanam” e “Servir com Simplicidade” (Coleção Vicentina 43 e 50).
Nota: recomendamos a leitura das publicações sobre o tema “Mudanças de Estruturas”, a maior parte de autoria do padre Mizaél Donizetti Piglioli (CM) – Coleção Vicentina nº 01, 18, 20, 21, 22, 23, 24, 25, entre outros.