Semana de 16 de outubro (referência: leituras do domingo 22 de outubro)
29º Domingo do Tempo Comum - Leituras: 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-21
“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”
Reflexão vicentina
Na Carta aos Tessalonicenses desta semana, Paulo volta a falar no tema dos “escolhidos”, como vimos na semana passada. Em um texto belíssimo, ele nos diz que, se adotarmos para nós as virtudes teologais (fé, esperança e caridade), seremos um dos “escolhidos”. “Diante de Deus, nosso Pai, recordamos sem cessar a atuação da vossa fé, o esforço da vossa caridade e a firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos amados por Deus, que sois do número dos escolhidos” (vers. 3 e 4).
Mas que relação têm as virtudes teologais com o Evangelho, em que, ao ser provocado, Jesus diz “dai a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”? Parece que nenhuma, mas talvez possamos ver um outro aspecto destas leituras.
Primeiro, no Evangelho, os falsos discípulos de Jesus, que se infiltram no seu grupo de amigos, sorrateiramente tentam a Jesus e fingem que se colocam do seu lado. Começam elogiando e dizendo a verdade: “Mestre, sabemos que és verdadeiro, e não dás preferências a ninguém. Não olhas para as aparências do homem, mas ensinas com verdade o caminho de Deus”.
Depois, mandam a provocação para “puxar o tapete” de Jesus: “é lícito ou não pagar o imposto a César?”. Jesus responde, como sempre, de forma magistral, dizendo que há que separar o que é de César e o que é de Deus. É como se quisesse dizer: é necessário viver no mundo (conviver com as “coisas de César”) sem ser tragado pelo mundo (assumindo as “coisas de Deus”).
Mas, como fazer isto? Paulo responde: através da fé, esperança e caridade!
Como é difícil, meu Deus, professar a nossa fé, no mundo das “coisas de César”, em que se valorizam as crenças nas “verdades” superficiais dos meios de comunicação social, nos métodos repressivos de valorização secular do poder e na pressão pelo sucesso e o dinheiro! Tudo parece nos afastar da “verdade que é o caminho de Deus”.
Como é difícil, meu Deus, viver a vida com esperança da promessa da vida eterna, onde Te contemplaremos face-a-face, quando o “mundo de César” nos oferece moedas tão mais interessantes, do materialismo, do egoísmo e do imediatismo! Todos parecem nos valorizar pelas “aparências do homem”.
Como é difícil, meu Deus, sair de nós mesmos e ir ao encontro das periferias, expressão máxima da caridade, quando o as “atrações de César” nos motivam ao consumo e às diversões exageradas e sem limites! Ninguém, fora da Família Vicentina, parece nos valorizar pelas nossas obras de caridade!
Nossa vocação vicentina é uma graça que nos dá a sabedoria para fazer escolhas, convivendo com o que é de César, mas buscando a fonte da vida no que é de Deus! Afinal, nunca foi entre nós e os homens, mas entre nós e Deus!