A vida de dedicação aos Pobres vivida por São Francisco de Assis inspira pessoas de boa fé na luta por um mundo menos desigual. Recentemente, o argentino Jorge Bergolio assumiu o nome do santo. O Papa Francisco o escolheu, marcando seu pontificado com o compromisso destinado aos mais pobres. Já no século XIX, Antonio Frederico Ozanam (1813-1853) – principal fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo – também teve uma vida marcada pelo carisma franciscano.
Ele pertenceu à Terceira Ordem Secular Franciscana. Há nos arquivos dos franciscanos documentos que revelam informações importantes sobre o papel de Ozanam na Ordem. Ele teria fundado a primeira biblioteca franciscana popular, com a ajuda dos frades capuchinhos e dos terceiros seculares de Paris.
Em todos os artigos, o principal fundador da SSVP é colocado como importante estudioso da literatura franciscana. Ele teria ingressado na Ordem Secular de São Francisco após uma carta que recebeu do padre-geral, pouco antes de sua morte, e da qual falou com orgulho: “O padre-geral me coloca em número de benfeitores da Família Franciscana e me associo aos méritos dos Frades Menores, que trabalham e oram por todos; não é o menos tocante dos meus títulos”.
Para reviver a espiritualidade franciscana, o principal fundador da SSVP tinha o hábito de peregrinar até Assis, cidade de São Francisco. Em cartas, Ozanam descrevia a emoção de estar na cidade. “Vê-se revelada na Assis de São Francisco uma admirável pureza, uma perfeita humildade e uma caridade ardente que empresta à própria luz algo de calor”, diz um dos registros. Em outro, o principal fundador da Sociedade de São Vicente de Paulo comenta que a viagem servia para o fortalecimento da fé dele. “Em Assis, compreendi que São Francisco viveu para os Pobres, e em cuja linguagem pregava, sendo verdadeiramente o pai de toda pintura, assim como da eloquência e da poesia italianas. Assis: jamais peregrinação foi para mim cheia de maiores doçuras”.
CURIOSIDADE
A relíquia de Ozanam, que está em peregrinação pelo Brasil, é um pedaço de tecido grosso na cor creme usado pelos franciscanos em ritos funerários. Os corpos são envolvidos neste tecido. Quando Ozanam morreu, como ele também era franciscano, recebeu essa homenagem.
Deste tecido, em 1929, quando da exumação do corpo para a abertura do processo de canonização, foi retirado um pequeno pedaço, com a autorização dos descendentes de Ozanam. Essa parte foi subdivida em porções menores, e hoje o Conselho Geral Internacional a distribui, conforme aconteceu com o Brasil, que foi presenteado pelo confrade Renato Lima no ato da posse do confrade Cristian Reis da Luz.