Ano C - Celebração da Santíssima Trindade – Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum
Leituras: Prov 8, 22-31; Rom 5, 1-5; Jo 16, 12-15
“Gloriamo-nos nas nossas tribulações, porque sabemos que a tribulação produz a constância, a constância produz a virtude sólida, e a virtude sólida produz a esperança.”
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora.
Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que está para vir.
Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará.
Tudo o que o Pai tem é meu.
Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará”.
Reflexão vicentina
Com a festa de Pentecostes, encerramos o Tempo Pascal e, neste domingo, celebramos a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Por muitos anos, houve discussões na Igreja primitiva sobre a natureza da Santíssima Trindade. Mais do que voltar a discutir a natureza dogmática, as leituras deste domingo são uma oportunidade para mergulhar no mistério da Trindade Santa, fonte, modelo e meta do peregrinar da humanidade: contemplamos o mistério de amor do nosso Deus que se revela como Pai, Filho e Espírito Santo. Em particular, no Evangelho de São João deste domingo, encontramos um pequeno trecho do chamado “discurso do adeus” , fundamental para a revelação do mistério da Santíssima Trindade.
Nesta ocasião, renovamos a Aliança com o Pai que nos criou e nos libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho amado, o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou com sua morte e ressurreição o dom do seu Espírito. Como dizia Santo Agostinho, a Santíssima Trindade é a comunhão de luz e de amor, vida doada e recebida num eterno diálogo entre o Pai e o Filho, no Espírito Santo Amante, Amado e Amor.
Como vicentinos, somos chamados a colocar nossa missão e nossa vida nas mãos da Santíssima Trindade. A fé no Pai, o criador de todas as coisas e de todos os seres, é a essência da virtude vicentina da humildade. Sabemos que tudo o que somos, temos ou fazemos vem do Pai, de Sua bondade. Esta virtude nos faz ter a dimensão de que a nossa vida só faz sentido se realizamos a missão que nos foi confiada. Mas também a humildade nos faz ter a consciência de que podemos tudo, desde que “sejamos livres na prisão do Evangelho do amor”, como nos indica São Paulo.
Como vicentinos, também devemos ter a esperança no Filho, Aquele que foi enviado pelo Pai para nos dar sentido à vida, para nos perdoar definitivamente de nossos pecados e mostrar o caminho para o reencontro com Ele no Pai. Esta esperança nos move a realizar a nossa missão!
Como vicentinos, final e fundamentalmente, buscamos nossa fonte de amor e caridade no Espírito Santo que está dentro de nós e que nos foi dado pelo Pai e pelo Filho. O Espírito de Amor nos faz ver o Pobre como o filho predileto de Deus e, por isso, poder ver a nós como o filho escolhido que serve a Este predileto. O Espírito Santo nos faz unir em uma só pessoa divina, a nossa pessoa humana, com a pessoa humana do Pobre. Esta é uma experiência mística muito profunda que somente pode ser compreendida, se acreditamos fielmente na Aliança da Santíssima Trindade.