Semana de 20 de maio de 2019 (referência: leituras do domingo 26 de maio)
Sexto Domingo de Pascoa
Leituras: Atos 15,1-2.22-29; Ap 21,10-14.22-23; Jo 14,23-29
“Não se perturbe nem se intimide o vosso coração.”
EVANGELHO – Jo 14,23-29
Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará;
Nós viremos a ele
e faremos nele a nossa morada.
Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha,
mas do Pai que Me enviou.
Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas
e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo.
Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos disse:
Vou partir, mas voltarei para junto de vós.
Se Me amásseis,
ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu.
Disse-vo-lo agora, antes de acontecer,
para que, quando acontecer, acrediteis».
Reflexão vicentina
Este domingo, as leituras preparam a solenidade do próximo domingo: a Ascensão do Senhor. Jesus começa já a preparar os discípulos para a sua partida “definitiva” até que Ele volte no fim dos tempos. Já prevendo que os discípulos ficariam um pouco “perdidos” novamente com a Sua partida (a primeira vez foi na Sua morte), Jesus dá duas recomendações tranquilizadoras. Primeiro: Ele estaria com eles (e conosco) até o fim dos tempos. E, segundo, o Espírito Santo viria para esclarecer o que ficasse pouco claro e para capacitar os discípulos para a missão.
Ele então diz: “não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes o que Eu vos disse: vou partir, mas voltarei para junto de vós”. E acrescenta: “o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse”.
A primeira “tranquilização” apresenta Jesus como Aquele que foi, mas que continua acompanhando no caminho até a Sua volta. Jesus está sempre conosco, mesmo que não nos demos conta. E podemos chama-Lo para que fique mais perto de nós através de nossa oração constante e nossas obras de caridade.
Como vicentinos, sabemos que a oração é um momento de união espiritual, mas real, com Deus. Na oração, não só nos comunicamos com Jesus, como também dizemos a Ele que queremos ficar junto Dele, assumindo nossa natureza humana (cheia de fragilidades), mas também divina (com a fé de que Ele nos fortalece). Sabemos também que a expressão mais bela desta frase de Jesus (“voltarei para junto de vós”) é a visita ao assistido. Quando visitamos o Pobre, efetivamente, Jesus vem ao nosso encontro, porque Ele está em todas as pessoas, mas com presença mais forte nos mais necessitados. Não é necessário esperar pelo último dia para perceber a presença de Deus: nós a temos no escondido de nosso quarto (ou do Sacrário) ou na pequena casa do assistido.
A segunda “tranquilização” vem do fato de que o Espírito Santo nos guiará sempre, mesmo que mudem os tempos e os costumes. Já no começo da vida dos cristãos, houve muita dúvida sobre a crença nos costumes do passado. Muitos das primeiras comunidades da Igreja acreditavam que, para que os pagãos (que não eram judeus) se convertessem ao cristianismo, era necessário se circuncidar. Em outras palavras, era necessário primeiro ser judeu para depois ser cristão. Paulo vem com uma perspectiva muito diferente: o que importa não são os sinais externos, mas o que temos no nosso coração. Portanto, a conversão vem de dentro de nós e não de fora.
Como vicentinos, às vezes nos apegamos muito às regras, aos costumes e nos esquecemos de que o que importa é o que está dentro do coração do assistido e não o que está fora. Ou, o que importa é a intenção do nosso irmão vicentino e não tanto o que falam dele ou os seus resultados. É necessário deixar que o Paráclito, ou seja, o “consolador” (do latim consolator; ou do grego parakletos) nos guie para que não sejamos muito radicais no julgamento dos Pobres ou dos nossos irmãos. Se nos deixarmos guiar pelo Espírito, certamente, buscaremos o que há de bom tanto no coração do outro, quando em nossa própria mente. Julgar pelo Espírito é construir uma nova relação de santos: nós – que julgamos – e o outro – que é julgado).