Ao longo dos 150 anos da presença vicentina em solo brasileiro, milhares de confrades e consócias trabalharam com muita dedicação em defesa dos Pobres. Embora as atividades sempre sejam anonimato, pessoas conhecidas já frequentaram as fileiras da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Uma delas é o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
A informação pode ser confirmada por meio de um poema escrito pelo próprio Drummond, em que ele descreve a reunião vicentina com detalhes. A poesia ‘Os Pobres’, foi publicada na obra ‘Boitempo’.
Como em 2022, Drummond celebraria 120 anos, o Conselho Metropolitano de Formiga republica o poema como forma de homenageá-lo.
Os Pobres
Domingo. Tarde. Consistório da Matriz.
Luz escassa no adro verde.
Comprida toalha vermelho-vinho
amacia a mesa das deliberações.
Ao derradeiro raio de sol
Bailam corpúsculos no ar.
A conferência vicentina considera
a vida dos Pobres.
O pai não veio desta vez.
Mandou-me em seu lugar. Sou grande,
Já não sou menino estabanado
ao cuidar das vidas dos pobres.
Mas que sei da vida dos Pobres
senão que vivem sempre sempre
como a água, a pedra, o costume?
Se São Vicente manda ver no rosto Deles o de Cristo, o que vejo é a comum pobreza resignada, consentida,
Tão natural como sinal na pele.
Dou a esmola.
Não salvo o mundo,
Mas me salvo.