Antonio Frederico Ozanam nasceu no dia 23 de abril de 1813. Era filho de Jean-Antoine François Ozanam, doutor em Medicina, e de Marie Nantas, filha de um comerciante. Ozanam era o quinto filho de um total de 14 crianças, das quais apenas três sobreviveram. Tratava-se de uma família muito religiosa e harmoniosa. O ano de 1831 é marcado pela sua chegada a Paris, onde se inscreveu para estudar na Faculdade de Direito de Jussieu.
Ao andar pelas ruas parisienses, assustava-se ao ver tanta miséria e pelas condições sanitárias deploráveis nos bairros populares, além de assistir a pobreza extrema da classe operária. A religião estava em decadência no ambiente em que começou a participar e, para não perder a fé, fez amizade com alguns colegas cristãos. No ano de 1832, a França estava diante de uma grande epidemia de cólera, que fez cerca de cem mil vítimas. Ozanam via que não dava para ficar parado diante de tanta gente precisando de ajuda. No entanto, a maioria de seus colegas – que eram nitidamente ateus e críticos da causa cristã – não enxergava como ele, a necessidade de fazer alguma coisa em prol dos necessitados. Nos debates fervorosos, esses estudantes adeptos dos filósofos Voltaire e Saint Simon falavam asneiras que muito incomodavam a ala religiosa. Vendo que ali não seria possível montar algum projeto que visasse a caridade, Ozanam resolveu criar um grupo à parte para que as conversas pudessem ter um direcionamento bacana. A ideia veio depois de uma roda de conversa pesada com altas críticas à Igreja. Um dos seus colegas céticos havia dito que o cristianismo havia feito prodígios vertiginosos no passado, mas que hoje estaria morto, principalmente porque os cristãos nada estavam fazendo diante daquela situação, enquanto se gabavam de católicos. Por incrível que pareça, aquelas palavras pesaram e optaram então por fazer acontecer a primeira conferência da história. O medo se abatia sobre eles, por medo de represálias ou críticas, mas foram incentivados pelo professor Emmanuel José Bailly, que compartilhava suas ideias. Para tal, ofereceu a sua gráfica para se reunirem. Além de Ozanam e Bailly, que se tornou o primeiro presidente, tivemos Jules Devaux, Paul Lamache, Felix Clavé, Auguste Le Taillandier e François Lallier.
A “Conferência de Caridade” – nome que lhe deram – teve a sua primeira reunião no dia 23 de abril de 1833. Colocaram como patrono, São Vicente de Paulo, e agora começava a labuta de como deveriam se organizar. Bailly era o mais velho da turma com 40 anos de idade, os demais eram jovens que variava de 19 a 23 anos. A esposa do primeiro presidente, que era amiga da Irmã Rosalie Rendu, propôs que a freira fosse a consultora deles para que pudessem tomar um rumo nos seus trabalhos. Diante dos primeiros sucessos, o grupo se dividiu com o propósito de formar outras conferências. No ano de 1841, a Sociedade já possuía aproximadamente 10.000 membros, em 133 cidades; ela estabeleceu-se na Inglaterra, Escócia, Irlanda, Bélgica e na Itália. Além de cuidar dos pobres, eles tinham a ousadia de enfrentar reis e poderosos na causa do pobre, usando, inclusive, seus conhecimentos jurídicos. No auge de crescimento do trabalho vicentino, Ozanam fica com sua saúde bastante debilitada e num regresso de uma viagem à Itália, falece no dia 08 de setembro de 1853, com 40 anos de idade. Nessa ocasião, a Sociedade já estava presente em 29 países, com 900 Conferências na França. O seu sonho de tornar o mundo uma grande rede de caridade já estava virando realidade.
Confrade Elias Daniel
Coordenador da Escola de Capacitação Antonio Frederico Ozanam (Ecafo) do CM Formiga