O tema que vamos refletir neste artigo é o ‘Tempo da Quaresma’. Tempo propício para celebrar e buscar a nossa conversão, à qual nos coloca no caminho de Deus. A Campanha da Fraternidade deste ano que nos traz uma reflexão muito importante. Precisamos estar mais atentos com nossa vida, e para ter vida, precisamos cuidar e cultivar o meio ambiente. Se não cuidarmos da terra, da água, da natureza, não teremos vida longa. Cuidar da biodiversidade é cuidar do planeta e, assim, prolongar a vida.
A Quaresma nos provoca e convoca à conversão, mudança de vida: cultivar o caminho do seguimento de Jesus Cristo. No Tempo da Quaresma, somos convidados a abrir nossos corações à graça do encontro, e para ter esse encontro, é preciso viver três coisas importantes: o jejum, a oração e a esmola.
Jejum é o esvaziamento da pessoa para preencher a vida em Cristo. A Oração é a súplica de exposição na tentativa de ser atingido pela misericórdia. A Esmola é partilha.
Neste ano de 2017, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos apresenta a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão quaresmal, como itinerário do cultivo e do cuidado comunitário e social. O tema é: “Fraternidade, biomas brasileiros e defesa da vida”, e o lema inspirado no texto do Livro do Gênesis 2,15: “Cultivar e guardar a criação”. O objetivo geral consiste em “cuidar da criação de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho”.
Bioma quer dizer a vida que se manifesta em um conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais. “Um bioma é formado por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação é similar e contÍnua, cujo clima é mais ou menos uniforme, e cuja formação tem uma história comum”.
A depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Entretanto, temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, se omitem das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos e nem se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes”.
Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem, sejamos conduzidos à vida nova. Todos nós cristãos recebemos o dom da fé e, na fé, somos despertados para o cultivo e cuidado.
A Quaresma é o tempo que nos encaminha para a Páscoa. A Quaresma é um tempo forte de penitência e de mudança de vida, que nos insere no mistério de Cristo, que se traduz na retomada do rumo de Deus.
Quaresma é tempo de conversão, por isso, tempo de intensa alegria. Alegria, porque iniciamos nossa caminhada rumo à Páscoa do nosso Salvador Jesus. Se, por um lado, a recordação do sofrimento de Jesus com sua morte na cruz produz em nós uma dor, a Ressurreição nos traz a certeza da vitória e a Quaresma passa a ser um tempo de alegria, pois nos aproxima de Deus; de reconciliação com Deus e com os irmãos. Tempo de oração, de jejum como disponibilidade, entrega e docilidade à vontade do Pai; de partilha de bens e de gestos solidários, de atenção misericordiosa com os pobres e necessitados.
A caminhada quaresmal nos estimula e nos acompanha no processo do nosso crescimento na vida cristã. A Quaresma tem como pano de fundo o tema sacramental e batismal, pelo qual permite-nos compreender a realidade da nossa vida de fé, à qual chamamos de iniciação à vida cristã.
A Quaresma nos faz lembrar que não podemos esquecer do primeiro aspecto de sua origem: preparação dos catecúmenos para o recebimento dos sacramentos da iniciação cristã, os chamados sacramentos iniciais de inserção na comunidade de fé.
Assim, a Campanha da Fraternidade quer ajudar a construir uma cultura de fraternidade, apontando os princípios de justiça, denunciando ameaças e violações da dignidade e dos direitos, abrindo caminhos de solidariedade. A vida fraterna é a síntese do Evangelho quanto às relações humanas e testemunha a nossa dignidade como verdadeiros filhos e filhas de Deus.
A Campanha da Fraternidade é uma verdadeira iniciação à fé e à sua prática. Portanto, a conversão quaresmal é, ao mesmo tempo, um voltar-se para Deus, para o próximo e para a vida da criação que nos cerca.
Maria, Mãe de Jesus, nos acompanhe no caminho de conversão! Jesus Cristo crucificado/ressuscitado que transformou todas as coisas nos desperte para a participação do cuidado com a obra criada!
Padre Pedro Felisberto Ferreira, assessor Espiritual do Conselho Metropolitano de Formiga (MG)