“Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair”

Semana de 18 de março de 2019 (referência: leituras do domingo 24 de março)

Terceiro Domingo da Quaresma

Leituras: Ex 3,1-8a.13-15; 1 Cor 10,1-6.10-12; Lc 13,1-9

 

“Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair.”

 

 

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus,

juntamente com o das vítimas que imolavam.

Jesus respondeu-lhes: “Julgais que, por terem sofrido tal castigo,

esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não.

E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo.

E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou?

Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?

Eu digo-vos que não.

E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante.

Jesus disse então a seguinte parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha.

Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.

Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira

e não os encontro. Deves cortá-la.  Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’

Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano,

que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo.

Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

Reflexão vicentina

Neste terceiro domingo da Quaresma, período de reflexão, de oração, de penitência e de caridade, as leituras nos mostram que o caminho para a conversão passa por nosso compromisso com o perdão e com a fé na misericórdia infinita de Deus. 

 

Deus nos pede que perdoemos sempre.  Paulo nos oferece em sua Carta aos Coríntios, a oportunidade de repensar a nossa vida.  Deus não quer que sejamos escravos da arrogância, da sensação de que somos deuses e de que nunca podemos cair.  Nossas quedas acontecem para que nos demos conta de que somos fracos.  Como ele mesmo diz: “esses fatos acontecem para nos servir de exemplo, a fim de não cobiçarmos o mal”.  Nossas quedas acontecem para que sintamos nós mesmos o perdão de Deus e possamos aprender a perdoar sempre os que caem diante de nós.  Como sabemos, só pode perdoar aquele que passa pela experiência de ser perdoado! 

 

Como vicentinos, temos que ser capazes de perdoar sempre, em particular aos outros vicentinos e aos queridos de nossa família, quando julgamos que eles ou elas se equivocam.  Não podemos responder ao demônio que age através do nosso irmão, chamando também para nós o demônio.  O escudo mais poderoso contra o demônio é o perdão e a lança mais efetiva para matá-lo é o amor sem limites.  Isso parece teórico e poético, mas é muito real.

 

Adicionalmente, nossa salvação está baseada fundamentalmente na misericórdia de Deus.  Na primeira leitura, Deus nos é apresentado como Aquele que está acima de todo o nome (“Ele é o que é”) e, desde esta posição, tem misericórdia do povo de Israel e o liberta do Egito.  Também no Evangelho, o vinhateiro tem compaixão da “figueira que não dá frutos” e propõe dar-lhe uma nova oportunidade antes de cortá-la, para que, uma vez adubada, possa melhorar e dar bons frutos.

 

Como vicentinos, sabemos que tudo o que fazemos é baseado na misericórdia de Deus e que nós podemos ajudar o Pobre a libertar-se da escravidão da pobreza, se tivermos também misericórdia com Ele.  Quantas vezes pensamos em cortar a ajuda a uma família, porque ela não corresponde ao que nós esperamos dela!  Julgamos com os nossos critérios e não pondo-nos no lugar do Pobre, na profundidade de sua pobreza!  Não nos esqueçamos de que nós somos os representantes de Deus na casa do Pobre. Se queremos que Deus nos julgue com misericórdia, conhecendo a fundo nossas limitações, devemos também julgar os nossos assistidos com a mesma misericórdia divina, levando em conta as limitações deles.

 

Nosso caminho para a conversão e libertação deve ser trilhado através da conversão e libertação do Pobre que assistimos.  Caminhamos juntos e solidários na direção de Deus.  Nós apoiamos o Pobre para que se levante e ande. Mas também Ele (como filho preferido de Deus) nos levanta e nos faz voltar a caminhar, quando fraquejamos.