“Tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus”

Semana de 25 de Setembro (referência: leituras do domingo 1 de Outubro)

26º Domingo   do Tempo Comum – Leituras: Fl 2,1-11; Mt 21,28-32

 

Reflexão vicentina

Ser prostituta ou cobrador de impostos no tempo de Jesus era o pior que poderia existir.  As prostitutas eram excluídas da sociedade e os cobradores de impostos eram ladrões.  Jesus ofende profundamente os sumos sacerdotes e anciãos do templo (os intelectuais e poderosos) chamando-os de “piores do que as prostitutas e os publicanos”.  Queria Jesus menosprezar as pobres prostitutas ou os considerados pecadores (publicanos)?

Não!  Jesus queria fazer com que os intelectuais e poderosos acordassem e deixassem de julgar mal os outros, mas antes olhassem para si mesmos.   Ele menciona que eles tinham rejeitado a João Batista, enquanto que os pecadores haviam se arrependido e se convertido; exatamente como acontecia com Ele: também O rejeitavam. Acho que Jesus quer também que acordemos e olhemos para dentro de nós.

Na Parábola dos Dois Filhos, um foi bem-educado, mas não fez o que o pai queria e o outro foi bruto, mas fez a vontade do seu pai.  Evidentemente, o ideal seria a junção dos dois: que o filho respondesse com educação e fizesse o que o pai havia pedido.  Mas, se fosse assim, a parábola não teria a mensagem que Jesus queria dar aos sacerdotes e anciãos do templo que eram considerados os guardiães da lei: viviam só julgando os outros pela regra, mas faziam muito pouco do que pregavam.  E não eram punidos, porque eram poderosos.

A reprovação de Jesus é dirigida a quem dá mais valor às aparências do que à essência, mais às palavras que à prática, mas ao exterior que ao interior.  Em Mateus 7,21, Jesus reforça esta ideia, dizendo que “não é quem me diz: Senhor, Senhor, que entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus”.

Esta reflexão vai na mesma direção das que fizemos nas últimas semanas.

Como vicentinos, temos a graça de poder fazer muito mais do que falar.  Ozanam nos pede que, em nossa ação escondida, de poucas palavras, façamos o que São Paulo nos menciona na leitura desta semana.  Ele diz: “tende entre vós o mesmo sentimento que existe em Cristo Jesus.  Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (vers. 5-7).

Por mais “intelectuais e poderosos” que sejamos, quando fazemos a visita, nossas palavras e conhecimentos não valem nada, se não nos esvaziar-nos de nós mesmos e assumirmos a condição de escravos, tornando-nos iguais aos assistidos.  Eu diria mais: tornando-nos inferiores aos assistidos.  Em outras palavras, mais do que ser como o filho bruto que fez a vontade do Pai, Deus dá aos vicentinos a chance de ser como um filho educado que diz “sim” e que, além de ser educado, faz a vontade do Pai.  Só depende de nós a escolha.

E, como vicentinos, temos a oportunidade de fazer a vontade do Pai, não somente na casa do assistido, mas também na própria Sociedade.  Se todos os vicentinos formos servos uns dos outros, viveremos na perfeição e na unidade que tanto insiste Paulo na sua Carta aos Filipenses desta semana.  A SSVP é mais do que a soma de membros: a unidade nos faz ser uma rede de caridade que pode fazer muito para transformar o mundo, ou o nosso país, ou a nossa diocese.  Sejamos como o Cristo: esvaziemo-nos de nós mesmos e enchamo-nos da missão que Ozanam nos confiou, na união e no serviço do Pobre e dos nossos confrades e consócias.

 

 
 
 
Fonte: CGI